A qualidade da Internet nas escolas públicas brasileiras avançou nos últimos anos, mas o uso pedagógico de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) em sala de aula ainda é uma realidade distante para a grande maioria delas. Na maior parte do Estado do Acre, menos de 40% das escolas em conexão com internet: velocidade e qualidade são precários, não chegando, ambas, a 1 mbps por aluno.
Ainda assim, o Acre é o Estado que mais ampliou a velocidade da internet escolar em 2023. Contudo, ao lado de outros dois Estados, o Acre é um dos piores em internet escolar no País.
Das 137.208 escolas estaduais e municipais espalhadas pelo país, 89% estão conectadas à rede, sendo que 62% declaram ter Internet para o processo de ensino e aprendizagem e somente 29% contam com computadores, notebooks ou tablets para acesso às redes pelos alunos. Aquelas que possuem algum equipamento tem, em média, 1 dispositivo para cada 10 estudantes no maior turno escolar.
Os dados estão no levantamento “Panorama da qualidade da Internet nas escolas públicas brasileiras”, realizado pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Tecnologia de Redes e Operações (Ceptro.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Lançado neste fim de maio durante o 14º Fórum da Internet no Brasil (FIB), o documento mostra ainda que das 32.379 escolas com mais de 50 estudantes no maior turno, atualmente monitoradas pelo Medidor Educação Conectada, apenas 3.640 (11%) cumprem a meta estipulada pela recém-lançada Estratégia Nacional de Escolas Conectadas (ENEC), do Governo Federal. A ENEC recomenda que a velocidade de download deve ser igual ou maior que “1 Mega” (1 Mbps) por aluno no turno com mais matriculados.
O estudo detectou desigualdades não só entre regiões do país, mas dentro delas. Norte e Nordeste, por exemplo, apresentam menor cobertura e qualidade de conexão, mas algumas de suas áreas, especialmente as capitais ou grandes regiões metropolitanas, têm qualidade comparável àquelas de outras regiões brasileiras. Por sua vez, as regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste demonstram uma maior universalização da cobertura de Internet, atingindo quase todas as escolas conectadas desde 2022.
Em relação à velocidade de download por aluno no maior turno, a média nacional está abaixo do 1 Mbps recomendado. Mesmo assim, houve evolução de 2022 para 2023, passando de 0,19 Mbps para 0,26 Mbps. Estados como o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Goiás são os mais bem colocados nesse quesito, com velocidade em torno de 0,5 Mbps por aluno. Na outra ponta estão Amazonas, Acre e Amapá, com cerca de 0,1 Mbps por estudante.
“Embora esses estados do Norte tenham uma qualidade de Internet muito baixa para uso em atividades de ensino, vale ressaltar que eles foram os que apresentaram os maiores avanços em relação a 2022, destaca Cristiane Honora Millan, uma das autoras do estudo.
Acesse o estudo na íntegra: https://medicoes.nic.br/media/