‘Dr. Cegonho’ faz sucesso nas redes sociais ao mostrar atendimento humanizado a grávidas em maternidades do Acre

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Foto: Pedro Devani/Secom

A hora do parto é um dos momentos mais importantes na vida de uma mãe, seja ela de primeira viagem ou não. E essa experiência precisa ser guardada na memória de cada mulher como uma boa lembrança. Pensando nisso, a gestão das maternidades do Estado do Acre tem apostado em capacitação, para um atendimento cada vez mais humanizado.


A rotina dentro dos hospitais registrada e divulgada pelo ginecologista Paulo Favini tem ganhado a simpatia de milhares de seguidores das redes sociais. São mais de 33,3 mil seguidores no Instagram e mais de 150 mil no Tik Tok. Na apresentação dessas redes, ele já deixa claro do que se trata o perfil: “Entregando potinhos de amor. Feliz em te ver sorrir. A empatia é o remédio de todas as dores”, assina o médico, que já se apresenta como médico do Sistema Único de Saúde (SUS) que faz parte do quadro do Estado desde 2004.


Dr. Cegonho’ mostra o dia a dia nas redes sociais. Foto: Pedro Devani/Secom

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Para ele, a mulher que dá entrada na unidade precisando de acolhimento precisa ser bem atendida e sentir segurança na equipe. Então, a empatia, cuidado e atenção é algo presente desde o primeiro atendimento da mulher. Bem humorado, ele se autointitula como Dr. Cegonho e mostra o dia a dia dentro dos hospitais, reforçando que a saúde pública pode ser sinônimo de um atendimento empático e de excelência.


Ele também usa o alcance das redes sociais para disseminar informações importantes sobre a saúde da mãe, do bebê e também  sobre o programa de planejamento familiar, do qual ele também faz parte.


“Sempre tive essa visão de que o parto é o momento único na vida de uma mulher e deve ser um momento mágico, importante, que vai depender de como ela é acolhida, já que pode se tornar um momento traumático devido àquilo que hoje a gente vem tentando combater cada vez mais, que é a violência obstétrica”, destaca.


O ginecologista tem um posicionamento de que a mulher, ao chegar na maternidade, precisa ser ouvida e orientada, para que possíveis medos deem espaço à segurança e confiança entre médico e paciente.


“Eu digo para as grávidas que elas podem tudo. A nossa equipe é  como um orientador, um guia para ajudar nesse momento, que é lindo, mas que também pode ser difícil devido ao medo do desconhecido, principalmente quando se trata do primeiro parto”, conta.


É difícil separar a medicina da pessoa de Paulo Favini. A profissão que ele escolheu, leva com leveza e amor. É ainda mais difícil para ele contabilizar quantos bebês já trouxe ao mundo.


“Comecei minha carreira em Mâncio Lima, depois fui para Cruzeiro do Sul, até chegar em Rio Branco. No interior tem um ditado de que, quando você faz muitos partos, você se torna pai de umbigo. É difícil contabilizar, mas acho que já tenho muitos filhos de umbigo”, conta bem humorado.


Com fotos e vídeos, médico mostra atendimento humanizado. Foto: cedida

Multiplicador

O fato de usar as redes sociais como um canal de informação já o fez ter destaque nacional. Para ele, essa é uma maneira de multiplicar o bom atendimento nessas unidades e também manter o contato com as mulheres que foram atendidas por ele. Dos bebês que já passaram pelas mãos do médico, há jovens já com 19 anos.


“Nós trabalhamos muito com academismo, com alunos, e acabamos sendo exemplos. Todo mundo quer ser bem tratado, e eu costumo dizer que muitas vezes um sorriso, um abraço, já pode ser 50% do tratamento. E no final, nas minhas redes, acabo sempre tendo esse contato. As mães me mandam mensagens e fotos, e algumas, de pacientes, se tornam até amigas”, relata.


O recado que ele dá para quem está entrando na faculdade de medicina ou iniciando a carreira, é que os profissionais realmente se dediquem com amor à profissão que escolheram.
“Faça por amor e com amor. Trate cada paciente como se fosse alguém próximo, de sua família, pois, assim, além de curar ou tratar somente, vocês estarão colaborando para um mundo melhor. É assim: se posso ser tido como bom exemplo, é o que tenho feito, e tem dado certo durante estes anos de serviço público”, orienta.


Grávidas dizem que atendimento dá segurança na hora do parto. Foto: cedida

‘Foi um anjo de Deus’

Esse atendimento faz diferença também na vida das pacientes. Beatriz Lima é mãe de quatro filhos e foi atendida pelo Dr. Cegonho em junho de 2023, e diz que o que chamou a atenção dela foi como ele era amável e divertido, e como isso se refletia em toda a equipe.


“O Dr. Paulo foi alguém muito importante para mim, ele ainda é, na verdade. Me tratou com tanto carinho que nem sei te explicar em palavras, ele me atendeu depois do parto via Instagram, sempre muito gentil, educado, e é muito importante ter ele nas redes sociais, porque ajuda não só a acalmar os medos com relação ao parto, mas também mostra o amor que ele tem pela profissão”, opina.


Beatriz ao lado dos filhos. Foto: cedida

Beatriz diz que tinha um certo receio do parto devido ao problema que teve em outra gravidez. Ela conhecia o médico pelas redes sociais e revela que chegou a mentalizar que queria ser atendida por ele:


“Eu tive muitos traumas antes da Antonella. Tive um parto muito difícil, com hemorragia e os médicos diziam que eu não podia ter outro bebê, e ali dentro daquele hospital, quando entrei em trabalho de parto, já com 41 semanas, tava sentada na maternidade, em um banco, quando ele passou, sempre muito solícito, simpático e falei que queria que ele acompanhasse meu parto porque já conhecia ele do Tik Tok e queria saber se tudo aquilo era real. Logo em seguida, passei para a sala de parto cesariano para esperar minha vez. Foi quando ele veio e pedi pra tirar foto com ele. Me deu a mão, tirou a foto comigo e foi um anjo de Deus, porque disse que não ia descansar e faria o meu parto. Ele apagou a luz e disse: ‘Deus abençoe mais um parto’. A equipe dele é maravilhosa, e aí ele disse que minha filha era muito bem-vinda, e entregou ela com todo amor do mundo. Nunca vou esquecer o dia que o Dr. Paulo passou na minha vida. Nós amamos ele.”


Jéssica fala da sua experiência com o atendimento humanizado. Foto: cedida

Informação e calma

Jéssika Kauany Almeida da Silva foi atendida pelo médico em 2022, quando foi até a Maternidade Bárbara Heliodora para ter o primeiro filho, que hoje tem um ano e oito meses. Ela define o atendimento como o melhor durante toda a sua gestação.


“Me senti muito acolhida e especial sendo atendida por ele. Ele é realmente um profissional de excelência. Infelizmente, não foi ele quem fez o meu parto, porém ele me acompanhou e prestou atendimento pra mim até o dia antes de eu ganhar meu neném. Eu tinha muito receio de não ser bem atendida no dia do meu parto, porque todo mundo assusta a grávida sobre esse momento. E, como foi o meu primeiro, eu não tinha nenhuma experiência, apenas sabia o que outras mulheres falavam pra mim”, relembra.


As informações e o humor usado nas redes sociais, para ela, são ferramentas para acalmar as mulheres que se preparam para receber seus filhos.


“Além de servir como exemplo para outros profissionais, ele transmite uma calma para as gestantes. Os vídeos mostram que não precisamos ter medo do parto e, o mais importante de tudo, ele é a mesma pessoa, ou até melhor, do que passa nas redes sociais. O que mais me chamou a atenção nele foi a humildade e a compaixão que tem com suas pacientes, o amor. O carinho que ele dá é surreal. É como se ele tivesse sentindo a dor como a gente e como se fôssemos algum parente dele. Realmente se entrega no atendimento e isso é muito importante, porque é um momento muito especial e muito marcante na vida da mulher”, revela.


Até hoje ela mantém contato com o médico, envia fotos do filho e pede conselhos ao profissional, que sempre está disposto a responder. “Sempre brincalhão e amoroso, me dá dicas, conselhos, e é isso, ele é um profissional de excelência, tenho muita admiração porque é um obstetra e um ginecologista de excelência. Foi o melhor atendimento que eu tive durante toda minha gestação e se eu tiver outro filho eu quero que o meu parto e os atendimentos sejam com ele, porque ele é a melhor pessoa que existe”, enfatiza.


Adryenne Miranda Gomes teve o primeiro filho aos 15 anos e contou com a experiência do médico. Foto: Pedro Devani/Secom

A voz da experiência

Adryenne Miranda Gomes tem três filhos e a gravidez dos dois mais velhos foi acompanhada de perto pelo médico. Os filhos têm 17 e 13 anos e a caçula tem alguns meses. A intérprete de Libras conta que quando foi ter o primeiro filho ainda era uma adolescente, tinha 15 anos e o medo se sobressaía a qualquer outro sentimento que pudesse ter. Jovem e assustada, ela foi guiada pela voz e mãos do experiente ginecologista.


“Ele faz parte do que realmente acontece no nascimento. Mesmo sendo homem, ele ensina a parir mesmo, orienta como devemos fazer força, como respirar, e isso deixa a gente mais tranquila mesmo”, pontua.


Outra característica destacada por ela nesse atendimento é a escuta que ele tem com a paciente. A comunicação que ele mantém com a grávida é extremamente necessária para que haja segurança.


“Ele não é indiferente e eu pensava: ‘uma pessoa que nunca tinha me visto na vida está aqui cuidando de mim’, então, ele me passou segurança e fiquei muito mais calma, tranquila e consciente do que estava acontecendo. E até hoje eu o acompanho nas redes sociais e pego todas as dicas”, afirma.


Jéssica teve o bebê na pandemia e médico teve o cuidado de registrar o momento. Foto: cedida

‘Já conhecia das redes sociais’

Já para Jéssica dos Santos França, mãe de três filhos, ser atendida pelo Dr. Cegonho, que já seguia nas redes sociais, foi a resposta às suas orações. Em 2021, na sua segunda gravidez, ela foi atendida por ele em uma cesariana de emergência.


Desde as primeiras semanas de gestação, ela teve a glicemia alta e passou a ter um pré-natal de alto risco. Ela fez o acompanhamento na maternidade e no final de dezembro de 2020 foi contaminada pelo coronavírus.


“Fiquei muito ruim, mas consegui passar por essa fase, até que, enquanto ainda me recuperava da covid, peguei dengue e tive uma hemorragia. Fui para a maternidade, tive uns dias de internação, graças a Deus tanto eu quanto meu bebê ficamos bem. No dia 2 de março fui para uma consulta e minha glicemia estava muito alterada e a minha pressão subiu. Então, fui imediatamente internada e fomos tratar a diabetes descompensada. Segundo os médicos, estava indo tudo bem, mas com a covid e a dengue, a situação descompensou. Enfim, quando foi no dia 7 de março à noite, tive uma intercorrência. A minha pressão caiu muito e a diabetes subiu muito após o jantar. E aí eu fiquei em observação”, relembra.


Médico diz que é preciso ter empatia e acolhimento em um dos momentos mais esperados para a paciente. Foto: Pedro Devani/Secom

Internada, ela passou por uma avaliação e foi encaminhada à sala de cirurgia. Temerosa devido a sua condição, ela conta que lembrava do Instagram do médico e torcia para que ele fizesse sua cirurgia.


“Comecei a orar ao Senhor para que me desse um sinal que ia dar tudo certo. Mentalizei que meu filho ia ficar bem, que eu iria ficar bem, se aquele médico, que já seguia, me atendesse. Quando cheguei na sala de preparo para entrar na cirurgia, vi ele. Já comecei a chorar, porque eu sabia que era a resposta de Deus e eu falei isso para ele ali, e sabia que ia dar tudo certo”, conta emocionada.


Ela diz, ainda, que a conduta do médico a tranquilizou naquele momento e que a alegria dele também é contagiante.


“O atendimento é diferenciado, ainda mais quando tive meu bebê, que era um momento delicado, na pandemia, que não podíamos ter nem acompanhante, e naquele momento a equipe me acolheu como se fosse família, e ele ainda pediu que me fotografassem com meu filho. Que Deus abençoe o trabalho dele e que continue atendendo às pessoas dessa forma”, diz.


Prédio onde funciona atualmente a maternidade de Rio Branco tem 74 anos e é tombado como patrimônio histórico do Acre. Foto: Pedro Devani/Secom

Referência

Carina Hechenberger, gerente de Assistência da Maternidade Bárbara Heliodora, enfatiza que a humanização é uma pauta sempre em alta na unidade. Segundo ela, frequentemente as equipes são capacitadas.


“Como é uma unidade de referência, a preocupação é prestar sempre o atendimento mais humanizado possível a todas as mulheres que procuram a unidade para se tornarem mães e receberem seus filhos no colo. Então, além de todo um atendimento focado na assistência de saúde, com profissionais especializados, com salas equipadas, com equipamentos mais modernos, nós também tentamos proporcionar um acolhimento de qualidade, com uma equipe treinada e habilitada para prestar a melhor assistência possível, ou seja, são seres humanos recebendo seres humanos”, pontua.


A gerente destaca, ainda, que a unidade está em constante atualização de seus serviços.


“No próximo mês, nós realizaremos a terceira edição do curso de manejo de aleitamento materno, ou seja, a equipe que trabalha na maternidade tem uma maior sensibilidade para auxiliar a mãe, o pai e a criança no momento da amamentação, no pós-parto. Esse é um dos cursos realizados dentro de todos os outros que são disponibilizados para nossa equipe.”


O prédio onde funciona atualmente a maternidade de Rio Branco tem 74 anos e é tombado como patrimônio histórico do Acre – o que impossibilita muitas modificações em sua estrutura. Porém, a equipe se dedica a receber da melhor forma uma demanda de 2,3 mil atendimentos de urgência e emergência por mês.


Entre partos cesáreas e naturais, são 383 mensalmente. São 66 leitos e uma equipe multidisciplinar que atende a mãe e o bebê nos primeiros dias, enquanto estão internados. Na maternidade, o bebê já sai com certidão de nascimento, primeiros exames e vacinas em dia e ainda com um acompanhamento com especialistas.


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