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Censo do IBGE revela que indígenas têm população mais jovem que a média nacional

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População jovem é ainda maior dentro dos territórios - Paulo Hebmüller/AmReal

Dados do Censo de 2022 revelam uma característica marcante e comum às comunidades indígenas e quilombolas do Brasil: elas são mais jovens que a média nacional e têm baixo número de idosos. As informações foram divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (3).


Em relação à população quilombola, o Censo apontou idade mediana de 31 anos. O cálculo divide o total de pessoas de um grupo em metade mais velha e metade mais jovem. A média geral de todos os brasileiros e brasileiras é de 35 anos.


Outro dado que explicita a baixa idade entre quilombolas é o percentual de pessoas com menos de 29 anos, que é de 48,44%. Dentro das comunidades, o resultado é ainda mais expressivo e chega a 52,6%. A maior parte desse grupo tem entre 15 e 29 anos (24,75%), seguido do grupo de zero a 14 anos (23,69%).


O índice de cidadãos e cidadãs com idades entre 30 e 44 anos de idade é 21,92%. Já o percentual de idosos com 60 anos ou mais é de 11,9% no geral e de 15,81% dentro dos territórios delimitados.


Já entre indígenas a idade mediana é de 25 anos, 10 anos abaixo da média nacional. Dentro das Terras Indígenas (TI), o resultado cai para 19 anos. Ele é mais expressivo ainda no estado do Acre, onde chega a 17 anos.


Além disso, mais da metade (56,10%) da população originária do país têm menos de 30 anos de idade, enquanto na média geral do Brasil é de 42,07%. Por outro lado, a faixa etária de 60 anos ou mais representa 10,65% do total, abaixo dos 15,81% da população total do território nacional.


Outro aspecto relevante é a concentração da população indígena na faixa etária entre 0 e 14 anos, que representa 29,95% do total. Dentro das TIs, esse percentual é ainda maior, chegando a 40,54%.


Recuperação demográfica


Embora o censo não traga informações específicas sobre os fatores que levam a esses cenários, a coordenadora do Grupo de Trabalho de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, Marta de Oliveira Antunes, aponta que há características culturais e até econômicas que podem sinalizar algumas motivações.


“A importância de ter filhos, a importância de renovar o estoque populacional do seu grupo étnico é algo muito presente. Quando olhamos a diferença das pirâmides dentro e fora dos territórios, sejam quilombolas ou indígenas, vemos também que existem condições de ter famílias mais largas e com mais filhos dentro dos territórios. Vemos a territorialização estimulando o crescimento populacional desses dois grupos.”


Fernando Damasco, da Gerência de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas, afirma que está em curso um processo de recuperação demográfica das populações originárias do Brasil.


“É importante destacar sempre o censo como um instrumento básico de mensuração de um direito constitucional, que é o direito à reprodução física desses grupos. São populações que, ao longo do século 20, tiveram diferentes experiências de reduções populacionais bruscas, relacionados a diversos acontecimentos históricos. Elas vêm também em um crescente de recomposição dessas populações. O censo mensura esse processo processo amplo, que precisa ser compreendido na lógica de uma trajetória ampla desses grupos.”


Fonte: Brasil de Fato


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