O adolescente de 16 anos que confessou ter matado o pai, a mãe e a irmã dentro de casa, na Zona Oeste de São Paulo, afirmou à polícia que não tinha problemas com a irmã, mas que atirou nela porque a jovem poderia impedi-lo de matar a mãe.
De acordo com o delegado Roberto Afonso, responsável pela investigação, o adolescente relatou que na última sexta-feira (17), após ter o celular e computador retirados pelos pais, decidiu matá-los.
Conforme a polícia, o jovem afirmou que se relacionava bem com a irmã, mas como a mãe chegaria na casa depois de seis horas e ele tinha intenção de também matá-la, ele não conseguiria manter a irmã em cativeiro e ela poderia impedir o crime.
Primeiro, ele pegou a arma de fogo do pai, que era da Guarda Civil Municipal de Jundiaí, e atirou contra o agente quando ele estava na cozinha e de costas por volta das 13h.
A irmã, que estava no primeiro andar da casa, ouviu o disparo e gritou. O adolescente, então, foi até ela e atirou contra seu rosto. A jovem não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
“Ele fala que deu um tiro na nuca do pai. Aí a irmã ouviu o disparo, e ele acessou o primeiro andar e efetuou um disparo no rosto da irmã. Aguardou a mãe chegar. A mãe chegou e fez mais um disparo. Acertou a mãe. No dia seguinte, ele ainda pegou a faca e ainda esfaqueou a mãe porque ainda sentia raiva”, afirmou o delegado, ao g1.
A mãe chegou no imóvel por volta das 19h. O adolescente disse que abriu o portão da garagem para que ela entrasse e, após a vítima ver o corpo do marido na cozinha, o adolescente a matou.
Ainda de acordo com o delegado Roberto, o adolescente se surpreendeu ao saber pela polícia que seria apreendido. Contudo, não demonstrou arrependimento.
“Ele tomou um susto. Foi uma surpresa pra ele que na hora que foi falado: ‘você vai ser preso’. Ele se espantou com isso. A gente não sabe se ele estava fora da realidade com relação à apreensão ou pode ser que ele tenha considerado que é um adolescente. A gente vai estar analisando lá na frente”, afirmou ao g1.
A polícia apreendeu os celulares do pai, da mãe, da irmã, além do aparelho e computador do garoto. Vizinhos, amigos e familiares devem ser ouvidos nos próximos dias. A investigação apura se o adolescente agiu sozinho.
“A perícia será muito importante nos aparelhos dele, dos pais e irmã. No momento não podemos dizer se teve algum mentor. Até agora sabemos que era uma família pacata. Vamos aprofundar na investigação”, completou o delegado.
Frieza e avaliação mental
De acordo com o boletim de ocorrência, o adolescente ligou para a Polícia Militar na noite de domingo (19) e afirmou que havia matado os familiares usando a arma de fogo do pai, uma pistola 9 milímetros, e queria se entregar.
Os policiais foram até a casa da família, localizada na rua Raimundo Nonato de Sa, e encontraram o adolescente.
“É um caso que sempre choca, né? Você tem familiares que foram assassinados por um outro familiar. É um homicídio intrafamiliar. Sempre chama atenção a frieza, porque são familiares. Matou três familiares e tem espaçamento de tempo. As questões vamos levantar e mais pra frente vamos traçar um perfil do garoto”, afirmou o delegado.
Ainda segundo o delegado, o garoto deve ser submetido a uma avaliação psicológica.
“Ele fica esse tempo apreendido na Fundação Casa. O Ministério Público, titular da ação penal, vai estabelecer da necessidade de rigidez mental para saber se ele estava em sã consciência. Isso tudo tem que ser analisado e o MP fará isso aí. Vamos aguardar o laudo”.