A problemática do saneamento básica na capital acreana que torna Rio Branco uma das piores neste quesito entre todas as capitais do país, é explicada, principalmente, pela falta de investimento público no setor.
Mas, a falta de manutenção e abandono das estruturas que já existem também explicam a situação precária da coleta de esgoto na capital acreana.
Como exemplo da falta de cuidado com o que foi construído com dinheiro público e deveria desempenhar um papel importante na coleta de esgoto é o abandono das Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) e as elevatórias que existem na capital acreana.
Uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) é essencial para uma cidade porque ela trata a água usada pela população, removendo poluentes antes de devolvê-la ao meio ambiente. O processo de tratamento envolve várias etapas que podem incluir métodos físicos, químicos e biológicos para garantir que a água esteja em boas condições e atenda aos padrões ambientais. As ETEs protegem a saúde pública: ao tratar o esgoto, as ETEs reduzem a propagação de doenças transmitidas pela água, preservam o meio ambiente, já que o tratamento adequado evita a poluição de rios, lagos e mares, protegendo a vida aquática e terrestre.
Já uma Estação Elevatória de Esgoto é uma componente essencial do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES). Sua função principal é transportar os efluentes sanitários de áreas mais baixas para pontos mais elevados.
Essas estruturas existem em Rio Branco. Ocorre que estão completamente abandonadas. Alguns dos prédios, que deveriam está em funcionamento ajudando o esgotamento sanitário, viraram moradia de dependentes químicos. Um completo descaso com os recursos públicos e com a saúde da população, já que esgoto sanitário é considerado uma política preventiva de saúde.
Divisão entre prefeitura e governo dificulta ainda mais a recuperação
Existem em Rio Branco, cerca de 50 Estações de Tratamento de Esgoto e mais de 70 elevatórias espalhadas. A maioria, sem funcionar.
Um dos grandes problemas decorre do processo de reversão que devolveu o sistema de água e esgoto do estado para o município.
A reportagem conversou com o engenheiro sanitarista e ambiental do Saerb, Henrique Oliveira, que falou da complexidade do sistema.
“Há uma divisão entre estado e município. Algumas ETEs e elevatórias ficaram sob a responsabilidade da prefeitura e outras estão sob a responsabilidade do governo que ficou de fazer investimentos para reativar e repassar para o município”, explica.
Conforme Henrique, as estações que ficaram sob a responsabilidade da prefeitura, como as do bairro Conquista e São Francisco, estão em fase de licitação, mas ainda não tem data para o início das obras. Ele conta ainda que a prefeitura, por uma questão orçamentária, vai priorizar o funcionamento das estações maiores. “Existem algumas menores, principalmente que foram feitas durante o Programa Ruas do Povo, que não foram finalizadas e são as mais problemáticas. Por isso, até porque temos um orçamento apertado, estamos priorizando as maiores, que vão atender um quantitativo maior de pessoas. Depois vamos para as menores, que já recebemos, pois temos pessoal e orçamento reduzidos. Estamos fazendo o levantamento para poder reativar”, afirma Henrique.