Ícone do site Ecos da Noticia

Reportagem da Rede Globo expõe ações irregulares de supostos policiais militares do Acre em conflito de terra no AM

e78bffcd bbf8 48dd 8a91 553b8a5b7a23

Foto: viatura do GEFRON é vista em vídeo capturado em Lábrea, AM I globoplay/reprodução

Uma reportagem exibida nesta segunda-feira (15) no Jornal Hoje, da Rede Globo, mostrou detalhes de uma investigação que apura a participação de policiais do Acre em um conflito de terras no sul do Amazonas, supostamente a mando do fazendeiro Sidney Zamora, que afirma ser o legítimo proprietário da Fazenda Palotina, que tem uma área estimada de 40 mil hectares, enquanto 200 famílias que ocupam parte da terra requerem o direito à ocupação. Por outro lado, o diretor de Governança Fundiária do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), João Pedro Gonçalves, diz que a terra é da União.


Segundo a reportagem, a Corregedoria do Tribunal de Justiça do Amazonas recebeu uma denúncia de que policiais do Acre, que agiriam como seguranças da Fazenda, teriam torturado ocupantes de terra. “No trajeto que a gente tava indo pra essas ‘madeira’, a gente se deparou com ‘os segurança’ da fazenda. Que eles falam que são da polícia do BOPE do Acre. Mandaram a gente ajoelhar, não olhar pro rosto deles. A gente se ajoelhou e quando a gente ajoelhou eles começaram a bater na gente de facão, diziam que se a gente voltasse lá de novo iam matar a gente”, disse um homem que não foi identificado pelo temor da represália. Dois dias depois da sessão de tortura narrada, ainda segundo ele, uma guarnição com policiais civis e militares foram ao local e fizeram novas torturas.
capture-20240415-142421.png

Foto: Desembargador Jomar Fernandes, corregedor do TJAM, foi ao local acompanhado de policiais federais I globoplay/reprodução

A Corregedoria do Tribunal de Justiça do Amazonas identificou que no final de março, policiais do Acre estavam presentes na Fazenda Palotina para o cumprimento de reintegração de posse, que foi suspensa antes de ser cumprida porque surgiu um novo entendimento de que o caso é de competência da Justiça Federal. A Secretaria de Segurança Pública do Acre diz que o apoio da Polícia Militar acreana foi dado a pedido da Polícia Militar do Amazonas e que desconhece qualquer denúncia de agressão envolvendo policiais. Já a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas disse que começou a negociar uma cooperação com as forças de segurança do Acre, dada a proximidade da Fazenda com o território acreano, mas que quando essa negociação estava no começo, uma decisão do Tribunal de Justiça do Amazonas revogou a decisão da reintegração de posse, anulando a necessidade do apoio do efetivo do Acre.
O desembargador Jomar Fernandes, corregedor do TJAM, a Polícia Federal e o diretor de Governança Fundiária do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), João Pedro Gonçalves, foram até o local para ouvir das famílias as denúncias sobre os abusos, supostamente praticados por policiais do Acre a mando de Zamora.
“Isso é uma irregularidade absurda. Em primeiro lugar, porque não houve pedido, pela autoridade judiciária, de que policiais de estados vizinhos viessem cumprir diligência. Isso será investigado, eu próprio denunciarei à procuradoria da República para que investigue essa invasão da Polícia Militar do Acre em terras do Amazonas”, disse Jomar.
capture-20240415-142321.jpg

Foto: área da Fazenda Palotina fica em Lábrea, no Amazonas I globoplay/reprodução

Em visita ao cartório de Lábrea, onde fica a Fazenda Palotina, as autoridades constataram que a fazenda está irregular, já que as folhas do livro de registro onde deveria constar a confirmação do registro da imóvel da fazenda desapareceu. “Essas páginas que constam no arquivo não existem, ela não tem delimitação nenhuma”, verificou o desembargador corregedor do TJAM.
O advogado de Sidney Zamora, alegadamente dono da Fazenda Palotina, apresentou documentos da Superintendência Regional do Incra no Amazonas e pela sede do Instituto em Brasília, em que são reconhecidas a posse da Fazenda a Zamora. Segundo a defesa do fazendeiro, seu cliente desconhece qualquer ação violenta na fazenda e que não tem policiais entre os seus funcionários.
O desembargador Jomar Fernandes determinou o afastamento da chefe do cartório de Lábrea por 90 dias e nomeou um interventor para investigar possível omissão do cartório em relação ao desaparecimento de documentos e da falta de envio de documentos solicitados pelo Incra. Jomar encaminhou ainda, ao Ministério Público Federal e às corregedorias da polícia militar do Acre e do Amazonas, vídeos e denúncias que mostram a ação de supostos policiais militares do Acre na região.
Sair da versão mobile