A PF informou na madrugada de hoje que um total de oito corpos estavam no barco achado por pescadores à deriva no sábado (13), em uma área conhecida como Barra do Quatipuru, próxima à praia de Ajuruteua, em Bragança (PA). Outro corpo foi localizado próximo à embarcação, mas a PF crê se tratar do mesmo grupo, totalizando nove mortos.
Pelos documentos, a PF informou que se trata de pessoas migrantes da região da Mauritânia e de Mali, na África. Não está descartada que algumas dela sejam de outras nacionalidades. O trabalho de identificação dos corpos começou ontem à noite.
A Marinha afirmou que o barco foi encontrado sem motor, leme ou vela, ou seja, sem qualquer mecanismo de propulsão. Além disso, a embarcação parece ter sido feita de forma artesanal em fibra de vidro e não tinha sistema de controle e navegação.
Como seria possível um barco chegar ao Pará vindo da África?
Segundo especialistas em correntes marinhas ouvidos pela coluna, é possível, sim, viajar entre esses continentes.
É viável que uma embarcação vinda da África tenha se perdido no oceano e, ao se aproximar da costa, as correntes a tenham empurrado aqui para a região Norte. Ela poderia ser direcionada principalmente nesse período de março e abril, quando os ventos estão muito fortes.Vando Gomes, coordenador do Laboratório de Hidráulica Ambiental da UFPA
Não seria inédito
Carlos Teixeira, doutor em Oceanografia e professor da UFC (Universidade Federal do Ceará), lembra que houve pelo menos um caso noticiado de embarcação que foi levada pelas correntes até o Pará. Trata-se dos sobreviventes do Burgerland, navio naufragado em 1944, entre o continente africano e o Brasil, e que ficou conhecido após liberar fardos de borracha que chegaram à costa brasileira entre 2018 e 2021. Ele afundou a 1.185 km do Recife.