Pais de alunos e estudantes da escola Jornalista Armando Nogueira, em Rio Branco, fizeram uma manifestação na manhã desta segunda-feira (15), em razão do afastamento da ex-diretora Ada Cristina, que foi deposta do cargo por oferecer alimentação de merenda escolar a funcionários da escola.
Felipe Souza Melo, de 16 anos, representando alunos da instituição e acompanhado de um responsável maior de idade, se referiu ao afastamento da diretora como covardia. “A verdade é que a Ada está sofrendo por lutar pelo nosso direito de uma boa alimentação, pelo direito de todo mundo se alimentar. É triste saber que a diretora está sendo calada, covardia”, disse.
Ada Cristina, apesar de ter sido afastada, continua à disposição na escola, já que no documento que recebeu não consta nenhum encaminhamento ou direção para onde a profissional deva ir. Segundo ela, para todos os pontos elencados pela sindicância que resultou no seu afastamento, há uma resposta que a inocenta.
“O que o secretário está fazendo é me derrubar, ao invés de derrubar meus argumentos. A alimentação dos funcionários na escola é o único jeito de não deixar esses alunos sozinhos no intervalo das aulas, para que ninguém use drogas, para que eles não transem. A questão dos alimentos na biblioteca, é porque as frutas já chegam muito maduras e ali era o único lugar com refrigeração 24 horas que é a biblioteca, porque o vigilante fica lá, já que a cantina não tem refrigeração. A questão da alimentação estar sendo oferecida é porque o próprio secretário nos disse que não iria proibir”, explica a ex-diretora.
Nilde Mesquita, ex-coordenadora da escola que agora substitui Ada na direção, diz que a escola vive um momento difícil. Um bloco inteiro de laboratório está sem energia e com fios descascados à amostra, trazendo risco de morte para os alunos que transitam ali. “A infraestrutura não é adequada. Temos um laboratório de química com os melhores equipamentos, mas sem ar-condicionado ninguém aguenta ficar lá. Os laboratórios de biologia e matemática estão completamente sem energia, as praças da escola estão com mato crescendo”, disse.
A reportagem do ac24horas teve acesso a um áudio de uma reunião de 2022 entre funcionários da escola e o secretário de educação do Acre, Aberson Carvalho. No áudio, Ada Cristina coloca para o secretário que funcionários se alimentam na escola para que os alunos não fiquem desassistidos.
“O professor não tem direito ao almoço, mas sabemos que há uma cultura nas escolas integrais, em todas elas os professores comem juntos com os alunos. É uma prática. Mas isso eu não posso autorizar, porque de fato não cabe na legislação, pois não tenho como justificar isso para o Ministério da Educação. Oficialmente o professor não tem direito a alimentação no âmbito da escola, a merenda é exclusiva para os alunos, pois ele é a base do cálculo. Mas a gente sabe que [a alimentação dos funcionários] é a rotina de toda uma vida e faz parte da nossa vida, temos essa ciência e a gente não está proibindo. No entanto, a nossa base de cálculo sempre será o número de alunos, mas na próxima entrega vai melhorar o volume, porque eu sei que a reclamação é de que [a comida] está faltando”, diz Aberson Carvalho.