Jair Bolsonaro (PL) participa hoje de uma manifestação em Copacabana, no Rio, dois meses após atrair uma multidão ao ato realizado na Avenida Paulista, em São Paulo.
Bolsonaro pediu uma salva de palmas para Elon Musk. Ele definiu o empresário como “um homem que teve a coragem de mostrar para onde a nossa democracia estava indo”. A fala é uma menção ao Twitter Files, uma troca de e-mails com veracidade não-confirmada na qual funcionários da plataforma relatam sofrer pressão de autoridades brasileiras para acessar dados sigilosos.
“Alexandre de Moraes é uma ameaça à democracia”, afirmou Silas Malafaia. Organizador do ato, o pastor da Assembleia de Deus classificou como arbitrárias várias decisões recentes do ministro do Supremo Tribunal Federal. Ele classificou o inquérito das fake news, tocado por Moraes, como “aberração jurídica”.
Malafaia também fez críticas ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e a comandantes militares. Pacheco foi chamado de “frouxo, covarde, omisso” por não abrir um processo de impeachment contra Moraes. Segundo o pastor, os chefes de Exército, Marinha e Aeronáutica deveriam renunciar a seus cargos e mantê-los vagos até que o Senado fizesse “uma investigação profunda” sobre o caso da suposta tentativa de golpe de Estado.
Milhares de pessoas acompanharam a manifestação. A Secretaria de Segurança Pública do Rio não fez estimativa de público presente no ato.
Bolsonaro subiu no trio por volta de 10h20; o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), o acompanhou. Ele deixou um hotel na Avenida Atlântica vinte minutos antes, junto do filho Flávio, do pastor Silas Malafaia e outros apoiadores.
Michelle Bolsonaro foi a primeira a falar. Em mais de um momento, ela destacou a importância de 2024 como um ano decisivo por conta das eleições e o papel de destaque do Rio no jogo eleitoral. Ao fim de sua fala, ela convocou os presentes a rezar um Pai Nosso. “O Brasil é para o senhor Jesus. O Rio pertence ao senhor Jesus”, declarou Michelle
Apoio a Elon Musk em discursos e cartazes. O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) disse que o país “se tornou hoje o cenário da batalha pela liberdade no mundo inteiro” e que Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), acompanha o ato “com certeza”. O parlamentar falou algumas palavras em inglês no fim da fala. O também deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também citou Musk em seu discurso.
Malafaia fez críticas a Globo e a outros grupos de comunicação. “Bolsonaro não propôs golpe de Estado”, disse ele. O pastor defendeu que o blogueiro Alan dos Santos, o ex-deputado federal Daniel Silveira e outras figuras foram alvos de decisões por “crime de opinião”, ilícito não previsto na lei brasileira.
O presidente do PL Valdemar da Costa Neto foi vaiado ao citar o nome do senador Romário (PL). Senador foi citado como um dos nomes do partido no Rio. Apesar de ser filiado ao PL hoje, Romário não é visto como um nome alinhado ao bolsonarismo — o que justifica a situação.
Por volta de 9h30, o ex-presidente já estava por Copacabana. Ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo Bolsonaro, o general Braga Netto (PL) tirava foto com apoiadores. Ele também foi alvo de uma operação da Polícia Federal no último dia 8 de fevereiro por suspeita de atuar em tentativa de golpe de Estado.
Manifestação ocorre em momento com clima diferente ao de fevereiro. À época, o evento em São Paulo ocorreu três dias após Bolsonaro ir à Polícia Federal para depôr na investigação de uma suposta tentativa de golpe de Estado (na ocasião, ele não falou nada aos investigadores). Agora, o apoio de Elon Musk e outros atores internacionais a Bolsonaro contra o STF muda esse cenário.
Uma vaquinha foi organizada para financiar os gastos com o ato. Articulada pelo deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), a iniciativa levantou R$ 125 mil. Ao todo, 25 parlamentares doaram R$ 5 mil, cada um, para custear o aluguel dos trios elétricos e outras despesas.