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Passando pelo Acre, Ferrovia Transoceânica promete colocar o estado na rota do desenvolvimento

O Brasil, o Peru e a China anunciaram recentemente uma parceria estratégica para o desenvolvimento da Ferrovia Transoceânica, que ligará o Rio de Janeiro ao Peru passando pelo Acre. O novo projeto de infraestrutura de transporte promete revolucionar, além das relações comerciais, também a logística entre a América do Sul e a Ásia, abrindo novas rotas e oportunidades para ambos os continentes, colocando o estado acreano como um dos grandes beneficiários da iniciativa.


A ideia de um corredor bioceânico no Brasil, no entanto, não é nova, mas data da década de 1950 com a proposta da Ferrovia Transulamericana, destinada a ligar os oceanos Atlântico e Pacífico. Após décadas de estagnação, o projeto foi incluído no Plano Nacional de Viação em 2008, sob o governo Lula, com a denominação de Ferrovia Transoceânica. Em 2014, houve a tentativa de assinatura de um acordo, com os chineses bancando o financiamento, mas a crise política que resultou na queda da presidente Dilma Rousseff paralisou as negociações.



A ferrovia é resultado da crescente influência econômica da China na América do Sul, refletindo a busca por unir o Atlântico ao Pacífico, criando uma nova via comercial e cultural entre os hemisférios. O projeto foi dividido principalmente em três trechos: Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO) e um trecho de Campinorte até o Porto do Açu. Designada como EF-354, a ferrovia se divide em três grandes segmentos no Brasil, país onde terá uma extensão total estimada em 4.400 km:


– Do Porto do Açu até a Ferrovia Norte-Sul;


– De Campinorte até Porto Velho, às margens do Rio Madeira;


– De Porto Velho a Cruzeiro do Sul, na fronteira Brasil-Peru.


De acordo com o ex-governador Jorge Viana, atual presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, que promete incluir o projeto da obra na pauta da missão que a agência está organizando junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin à China, a ferrovia é uma alternativa ao Canal do Panamá e pode representar o projeto de infraestrutura mais importante para o Acre.



“Esse é um projeto de infraestrutura, talvez, mais importante para o Acre, para que a gente possa ter o Acre acolhido e base de um desenvolvimento que preserve o meio ambiente e valorize todos os produtos fazendo chegar na costa do Pacífico para poder ter o Acre na rota do desenvolvimento. Vou trabalhar para incluir esse projeto na próxima missão da Apex à China junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin. Nós vamos acertar as prioridades e eu espero que essa ferrovia volte a ser prioridade. Essa é a melhor coisa que pode acontecer para o Acre para aí sim, a gente resolver definitivamente o problema de infraestrutura de transporte dentro do nosso estado”, disse Viana.


Nesta quinta-feira, 21, Jorge Viana participou, ao lado do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (Mapa), além de outros representantes do governo federal, de uma reunião no Itamaraty, coordenada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, cuja pauta foi a organização da missão à China, quando foi um dos primeiros a falar. “Estamos vendo como a gente amplia o comércio do Brasil com a China e esse projeto de infraestrutura deverá entrar na pauta da missão que vamos fazer liderada pelo vice-presidente”, acrescentou Jorge.


O projeto da Ferrovia Transoceânica


De acordo com informações da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, a Lei 11.772 concedeu à VALEC a responsabilidade pelo trecho de Campinorte a Porto Velho, destacado como prioridade. Esse segmento tem 1.641 km de Campinorte a Vilhena, além de cerca de 770 km até Porto Velho. Até 2009, apenas o trecho entre Campinorte e Vilhena teve seu pré-projeto finalizado, com estimativa de 1.641 km a um custo de 5,25 bilhões de reais, permitindo velocidades de até 120 km/h. A construção estava prevista para começar em abril de 2011 pela VALEC, mas as obras ainda não iniciaram.


 



 


Em 2014, um acordo foi firmado entre Dilma Rousseff e os governos do Peru e da China para financiamento e estudos da ferrovia. Em 2015, o governo chinês comprometeu-se a financiar parte do projeto, excluindo o trecho até o Porto do Açu. A construção, prevista para iniciar em 2015, atrasou.


Após reuniões do G20 em 2016, a China prometeu investimentos no Brasil, incluindo a Ferrovia Transoceânica, que já tinha estudo de viabilidade econômica concluído, visando reduzir custos de exportação para a Ásia. O impeachment da presidente Dilma e o período de instabilidade política que se seguiu inviabilizou a continuidade de qualquer projeto de infraestrutura mais audacioso.


Com a vitória de Lula em 2022, os estrategistas de infraestrutura do Brasil, Peru e China voltaram a se mobilizar para levar adiante o projeto da ferrovia bioceânica, transcontinental ou transoceânica.


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