A inglesa Florence Charles, de 29 anos, descobriu que a causa da coceira constante que sentia era uma doença rara e não diagnosticada no fígado.
Além da sensação constante de formigamento na pele, a jovem sentia náuseas e fadigas, mas que acreditava que tudo estava relacionada ao seu recente casamento. Florence tinha iniciado a vida a dois apenas alguns meses antes dos sintomas aparecerem.
“A coceira dela era tão grande, especialmente nas mãos e nos pés, que ela tinha de dormir com bolsas de gelo nos pés e tomava banhos constantes para aliviar a sensação”, lembrou Josh Charles, marido da jovem, em entrevista ao Daily Mail.
Após uma sequência de exames de sangue apontar icterícia, quando o fígado começa a perder a eficiência, os médicos descobriram que Florence tinha colangite esclerosante primária.
Colangite esclerosante primária (CEP)
A CEP é uma doença hematológica crônica e autoimune (fruto de um ataque do próprio organismo às suas células). O problema de saúde leva a uma inflamação dos dutos bilhares e, caso não seja tratada, progride para a cirrose e a falência do fígado. Não há cura para o quadro, mas ele pode ser controlado.
Segundo a Sociedade Brasileira de Hepatologia, a doença é mais frequente na Europa (com 6 casos para cada 100 mil pessoas) e relativamente rara no Brasil. Estima-se que a frequência aqui seja de um terço da observada no hemisfério norte, mas não há dados concretos.
Ela é uma doença mais frequente em homens (na proporção 2:1) e é frequentemente associada a outras doenças autoimunes, especialmente a doença inflamatória intestinal (DII), a hepatite e a doença de Crohn.
A coceira como sintoma
Os sintomas mais frequentes da doença são: icterícia, coceira na pele, alterações na cor da urina, dor localizada abdominal, fadiga, perda de peso e descontrole das enzimas corporais.
No caso de Florence, a coceira foi o sintoma que levou ao diagnóstico. “Não conseguia me livrar da sensação de ter a pele inteira irritada. Não estava nem conseguindo mais trabalhar”, afirmou.
A CEP não tem cura, mas seus sintomas podem ser controlados. “Estou passando agora por ajustes da medicação, mas consegui retomar a minha vida. Hoje em dia, tomo 13 medicamentos por dia para manter os sintomas sob controle, mas isso não é nada perto do sofrimento de não saber o que tinha”, contou.
O único tratamento definitivo seria um transplante de fígado, mas ele é indicado apenas para casos mais severos, quando a medicação já não funciona.