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Cheiro de barata existe? Por que algumas pessoas sentem, e outras, não

Uma das pragas urbanas mais temidas em épocas quentes e chuvosas é a proliferação de baratas. Há pessoas que podem, inclusive, perceber a presença do inseto antes mesmo dele ser visto no ambiente. Você já ouviu falar em cheiro de barata?


A cabeleireira Jocilia Oliveira, de 42 anos, garante que sim. Ela conta que a habilidade já fez inclusive com que desistisse de alugar um imóvel na zona leste de São Paulo.


“Senti o cheiro pela casa toda… A corretora disse que eles tinham certificado de dedetização e achou que o cheiro que eu estava sentindo era do produto, mas insisti que era das baratas. Eu sabia que, depois que ocupássemos o imóvel, elas sairiam dos ninhos e circulariam pela casa”, afirma. Em entrevista ao g1, ela descreve o odor como uma espécie de “mofo seco”.


Existe cheiro de barata?

 


Sim. De acordo com Paulo Ribolla, biólogo docente da Unesp, existem pessoas que podem sentir o cheiro do inseto. Essa habilidade está ligada a genes que as tornam capazes de detectar uma substância química chamada trimetilamina, ou o TMA.


“As baratas liberam um monte de substâncias para se comunicar. Nós [seres humanos] temos um receptor específico para TMA. Só que há pessoas que têm mutação nesse receptor e ele não funciona. Só sente o cheiro quem tem esse receptor selvagem, não mutável. “


Um estudo publicado em 2019 na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) aponta que essa variação genética faz com que seres humanos não percebam cheiros da mesma forma.


Segundo Paulo Ribolla, não há uma estimativa de quantas pessoas conseguem ou não sentir o cheiro das baratas, embora seja comum encontrar pessoas que identifiquem a substância que elas liberam.


A trimetilamina também é encontrada em peixes marinhos, por isso muita gente associa o cheiro da barata ao odor de peixe podre.


Contra as baratas 🪳🙅‍♂️

 


Embora tenha captado o cheiro da barata, Jocilia Oliveira conta que não deu o azar de encontrar o inseto no imóvel que recusou, mas conseguiu mostrar à corretora os rastros deixado pelo animal.


“Encontrei uma casquinha que a barata deixa quando tem ninho. É como se fosse uma casinha. Tinha em um canto atrás da porta.”


As “casquinhas” descritas pela cabeleireira na verdade são chamadas de otecas, que são os ovos da barata, explica Anderson Barbosa Gonçalves, técnico especialista em desinsetização. Segundo ele, os ovos da barata são facilmente encontrados em objetos como:


  • •sacolas de mercado;
  • •caixas de ovos;
  • •e embalagens de delivery.

 


“Cada oteca dessa vem umas cem baratinhas, então prolifera muito rápido”, afirma o especialista. Para evitar a proliferação de baratas em casa, Anderson orienta evitar o acúmulo dessas embalagens, já que os ovos podem não ser visíveis. Além disso, também orienta outros cuidados mais básicos, como manter o local limpo e desinsetizar o ambiente a cada três meses.


Baratas-de-Magascar do Zoológico do Bronx, em Nova York. — Foto: Reprodução/ Zoológico do Bronx

Baratas-de-Magascar do Zoológico do Bronx, em Nova York. — Foto: Reprodução/ Zoológico do Bronx

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