O Acre tem avançado quando o assunto é carne bovina. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados no último dia 14, mostram um aumento de 38,2% no número de abatimentos de bovinos no estado entre 2022 e 2023.
O levantamento revela que esse número passou de 337.834 para 466.875 de um ano para outro. Quando esse valor é avaliado em carcaças, ou seja, em toneladas, a variação é de 34,7%, saindo de 85.750 toneladas para 115.543 toneladas.
Se considerarmos o quarto trimestre de 2022 e 2023, o Acre teve um aumento de 57,7% no abate bovino, saindo de 83.41 cabeças para 131. 257.
Já com relação a toneladas, esse número saltou de 20.724 toneladas para 31.680 toneladas nesse período, resultando em 52,9% de aumento. Os dados da pesquisa também contabilizam o abatimento de suínos, mas somente nos três últimos meses de 2022, com 10.095 cabeças.
Ações e expansão
Jonas Celestrini Junior, que é auditor fiscal estadual agropecuário, chefe da Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa)/Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal no Estado do Acre (SIE) do Instituto de Defesa Animal e Florestal (Idaf-AC), avalia que o setor agropecuário está em expansão.
“Esse aumento expressivo também é principalmente devido à abertura de duas novas plantas frigoríficas com registro no Serviço de Inspeção Federal [uma no município de Tarauacá e outra em Senador Guiomard], saltando de duas para quatro plantas frigoríficas com SIF [Serviço de Inspeção Federal]. Também houve aumento no volume de abate nas plantas frigoríficas com registro no Idaf [Serviço de Inspeção Estadual – SIE], demonstrando um aumento no consumo interno”, destaca.
O auditor lembra ainda o reforço no efetivo do Idaf, a partir de 2021, com o chamamento dos servidores que passaram em concurso público. Foram feitos investimentos também com aquisição de veículos e computadores e reforma nos escritórios.
“Nesse período também o Acre teve o reconhecimento internacional de zona livre de febre aftosa sem vacinação, houve a adesão do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal no Estado do Acre [SIE] ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal [Sisbi-POA], que, em poucas palavras, abre a possibilidade para que as indústrias com registro SIE possam expandir seu mercado para além do território acreano”, explica.
Já o comércio exterior desse produto é de competência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com os acordos e tratativas comerciais entre as indústrias exportadoras e os mercados importadores.
O papel do Idaf é ser responsável, entre outras coisas, em garantir a sanidade dos rebanhos do Acre, mantendo-os livres de doenças que causam restrições de países importadores.
“Para isso, executamos diversos programas sanitários às vistas de atender normativas do Mapa, fazendo visitas e fiscalizações em propriedades rurais em todos os municípios, sendo um dos órgãos com escritórios para atendimento até nos municípios isolados”, complementa.
Ainda são realizadas ações de educação sanitária, levando conhecimento para os produtores rurais e à sociedade em geral. “Informamos a importância de se manter os rebanhos bem cuidados e sempre informar ao Idaf a suspeita do surgimento de qualquer doença em seus animais ou lavouras. Paralelamente cito, como uma política do atual governo para desenvolvimento dos pequenos produtores do estado, a criação do Selo D’Colônia pelo Idaf, que desburocratiza o registro de miniagroindústrias familiares que processam produtos de origem animal em pequena escala”, afirma.
Exportação para o Canadá
Em fevereiro deste ano, o governo do Acre comemorou o reconhecimento para exportação de carne bovina maturada, desossada e sem linfonodos do Acre para o Canadá. A autorização foi efetuada por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), após uma análise criteriosa realizada pela Agência Canadense de Inspeção Alimentar (CFIA), que reconheceu também os estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Rondônia, além de 14 municípios do Amazonas e cinco de Mato Grosso.
Na época, o titular da Secretaria de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict), Assurbanípal Mesquita, destacou a união de esforços para fortalecer a cadeia produtiva no estado.
“A indústria de proteína animal acreana vive o seu melhor momento, se destacando cada vez mais na produção bovina e suína. O dever de casa foi feito quando conquistamos, com o esforço do governador Gladson Cameli e o apoio do governo federal, o reconhecimento internacional de área livre de febre aftosa sem vacinação. O principal desafio agora é fomentar investimentos para que novas plantas se habilitem para conquistar o mercado internacional”, analisou.
Segundo a Seict, atualmente, de 18 plantas frigoríficas, três estão habilitadas a fazer exportação.
Dados nacionais
Em 2023 foram abatidas 34,06 milhões de cabeças de bovinos sob algum tipo de serviço de inspeção sanitária (federal, estadual ou municipal), representando um aumento de 13,7% em relação ao ano anterior, dando sequência à tendência de crescimento verificada em 2022.
Esse é o segundo maior resultado obtido no histórico da pesquisa, atrás apenas daquele registrado em 2013. Todos os meses apresentaram variação positiva em relação aos respectivos períodos de 2022, com destaque para novembro, quando foi registrado um aumento comparativo de 25,9%. Os principais destinos dessas exportações foram: China, Chile, Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos e Egito.