Antes de ser o número 1 do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas ruas, Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, trabalhou como adido comercial no Consulado de Moçambique em Minas Gerais, à época, ele estava foragido. Tuta ocupou a função no período de julho de 2018 até julho de 2019.
Na última terça (27), ele foi condenado a 12 anos de prisão pela 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital, por associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Segundo Deusdete Januário Gonçalves, ex-cônsul-honorário da República de Moçambique em Minas Gerais, que afirmou desconhecer as ligações de Tuta com o crime, ele era “um homem de grande idoneidade” e que “desempenhava sua função corretamente”. O depoimento consta no processo onde Tuta e outros três integrantes do PCC, acusados de lavar R$ 1 bilhão da facção, oriundos do tráfico internacional de drogas.
Tuta, ainda segundo o depoimento, apresentou sua folha de antecedentes à Justiça Federal e Justiça mineira, antes de ser contratado.
Com a intimação do ex-cônsul a falar como testemunha de defesa de Tuta, ele o desligou do quadro de funcionários do consulado.
Após ser demitido, com Marcola isolado no sistema carcerário federal, ele chegou a ser apontado como o substituto imediato do líder máximo do PCC.
Além de Tuta, foram condenados:
- Odair Lopes Mazzi Júnior, o Dezinho: pena de 16 anos e 11 meses
- Robson Sampaio de Lima, o Tubarão: pena de 16 anos e 11 meses
- Eduardo Aparecido de Almeida, o Pisca: pena de 12 anos e seis meses
O juiz Leonardo Valente Barreiros destacou que os quatro condenados na terça-feira lavaram o dinheiro do PCC mediante o esquema de “dólar cabo”, conhecida técnica de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, que é efetuar uma operação de câmbio, visando a saída de moeda para o exterior, sem autorização legal.
O juiz também destaca que, mesmo presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, os chefões do PCC ainda seriam responsáveis por crimes, como tráfico de drogas e armas, atentados contra agentes públicos e corrupção ativa.
Expulsão do PCC
Após ser expulso do PCC, por ordenar, em 2021, a morte de Nadim Georges Hanna Awad Neto, o Nadim, Tuta teve a morte pelo MP anunciada por conta da ordem de morte do ex-irmão de fação.
O motivo do assassinato seria por não cumprir a missão de resgatar líderes da organização criminosa recolhidos desde fevereiro de 2019 em penitenciárias federais, especialmente nos presídios de Brasília (DF) e Porto Velho (RO).
Logo depois, o MP-SP tornou público um “salve” do PCC, onde a organização informava que Tuta não tinha sido assassinado, e sim expulso da organização sob as acusações de “má conduta” e “falta de responsabilidade”.
O “salve” foi divulgado em 26 de abril de 2022, se espalhando pelo sistema prisional paulista. A mensagem dizia que “Tuta estava na luta dele em comunicação com a sintonia do PCC, diferentemente do que a mídia estava informando”.
Foragido
Mesmo com o “salve” em que o PCC dizia que Tuta não havia sido morto, os investigadores acreditam que ele foi julgado e morto pelo “tribunal do crime”, mas o corpo nunca foi encontrado.
Entretanto, segundo a promotoria de Justiça, Tuta está vivo e há suspeitas de que ele esteja na Bolívia.
Oficialmente, ele é considerado foragido.