O presídio federal de segurança máxima em Mossoró (RN), de onde dois presos fugiram na madrugada da última quarta-feira (14), já abrigou diversos presos conhecidos nacionalmente por relação com o crime organizado.
A penitenciária foi inaugurada em 2009 e tem capacidade para abrigar até 208 presos considerados pela Justiça como de alta periculosidade.
Criminosos como Marcola, Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP estão entre os nomes que estão ou que passaram pelo presídio, localizado a cerca de 280 quilômetros de Natal.
Veja abaixo alguns dos presos que passaram por lá
Marcola
Apontado como principal líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, acumula condenações que, somadas, passam de 300 anos.
Até 2019, Marcola cumpria pena na penitenciária estadual de Presidente Venceslau (SP), que também é considerada como um presídio de segurança máxima. Desde então, o líder do PCC foi levado ao Sistema Penitenciário Federal.
Além de Mossoró, Marcola também passou pelas cadeias federais de Porto Velho (RO) e Brasília (DF), para onde foi transferido em janeiro do ano passado.
Fuminho
Gilberto Aparecido dos Santos, 53, o Fuminho, é apontado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (MPF) como o “número 2” do PCC e braço-direito de Marcola.
Preso em abril de 2020 em Moçambique, na África, depois de ter ficado foragido por 21 anos, Fuminho passou pela penitenciária de Mossoró, onde ficou até o fim do ano passado. Na ocasião, foi transferido para Brasília, mesmo local onde Marcola cumpre pena.
Em outubro de 2022, Fuminho foi condenado a quase 27 anos de prisão por tráfico de drogas, associação ao tráfico, porte de armas e associação criminosa armada.
Segundo denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), Fuminho mantinha em um bunker subterrâneo localizado no interior de em um sítio na cidade de Juquitiba (SP). Lá, foram encontrados 450 kg de cocaína, 8 kg de maconha, quatro fuzis, três rifles, duas espingardas, três carabinas, três submetralhadoras, 11 pistolas e uma garrucha, além de carregadores das armas.
Depois que a polícia fez uma operação no local, Fuminho fugiu para a Bolívia e, de lá, foi para Moçambique.
Fernandinho Beira-Mar
Considerado pelas autoridades policiais como um dos chefes do Comando Vermelho, Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi transferido em janeiro deste ano do presídio federal de Campo Grande (MS) para Mossoró.
Preso em 2001, Beira-Mar foi o primeiro preso do Brasil a ser incluído no Sistema Penitenciário Federal, em 2006.
Beira-Mar começou no crime ainda menino, de acordo com as autoridades fluminenses. Aos 20 anos, trabalhava para traficantes como “vapor” na Favela Beira-Mar, em Duque de Caxias (RJ). Mais tarde, passou a controlar a favela e, em pouco tempo, se transformou num dos maiores vendedores de drogas no atacado do Brasil.
Somadas, as penas dele também passam de 300 anos.
Marcinho VP
Também apontado como uma das principais lideranças do Comando Vermelho, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, fez em janeiro o caminho inverso ao de Beira-Mar: ele estava preso na Penitenciária Federal de Mossoró e foi transferido para a de Campo Grande.
Segundo a polícia do Rio, Marcinho VP chefiava as bocas-de-fumo do Complexo do Alemão, na cidade do Rio de Janeiro, e também foi condenado por inúmeros crimes, tais como homicídio qualificado, formação de quadrilha, entre outros. As penas dele, somadas, chegam a 44 anos.
Marcelo Piloto
O traficante Marcelo Fernando Pinheiro Veiga, o Marcelo Piloto, foi preso no Paraguai em dezembro de 2017 após uma operação em conjunto entre as polícias brasileira e paraguaia. Ele também é citado como uma das lideranças do Comando Vermelho.
No ano seguinte, após autorização da Justiça do Paraguai, ele foi extraditado para o Brasil.
Segundo a Polícia Federal, Marcelo possui uma extensa ficha criminal, que inclui crimes de homicídio, tráfico e associação para o tráfico, latrocínio e roubos. Ele estava escondido há anos no Paraguai, local de onde remetia armas, drogas e munições para abastecer as favelas dominadas pelo Comando Vermelho
Em 2019, teve a transferência autorizada da Penitenciária Federal de Catanduvas (PR) para a de Mossoró.
Jamilzinho
Considerado pelo Ministério Público do Mato Grosso do Sul como chefe de uma milícia armada, Jamil Name Filho, o Jamilzinho, foi transferido em 2019 para o presídio federal de Mossoró.
Ele foi condenado pela morte de um estudante de direito e por posse ilegal de arma. O pai dele, Jamil Name, também passou pela penitenciária de segurança máxima no Rio Grande do Norte.
Mano G
Gelson Lima Carnaúba, o Mano G, é apontado pelas autoridades como um dos chefes da Família do Norte (FDN), maior facção da Região Norte do Brasil. Ele já passou pelos presídios federais de Mossoró e Catanduvas.
Segundo denúncia do Ministério Público do Amazonas, que foi aceita pela Justiça estadual, Mano G foi um dos líderes de uma rebelião ocorrida em 2002 no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus. O motim durou 13 horas e resultou na morte de 11 detentos e um agente penitenciário.
Quem pode ser transferido para uma penitenciária federal
De acordo com um decreto presidencial de 2009, o preso transferido para uma penitenciária federal de segurança máxima precisa se enquadrar em pelo menos um desses critérios:
- •Ter desempenhado função de liderança ou participado de forma relevante em organização criminosa;
- •Ter praticado crime que coloque em risco a sua integridade física no ambiente prisional de origem;
- •Estar submetido ao Regime Disciplinar Diferenciado – RDD;
- •Ser membro de quadrilha ou bando, envolvido na prática reiterada de crimes com violência ou grave ameaça;
- •Ser réu colaborador ou delator premiado, desde que essa condição represente risco à sua integridade física no ambiente prisional de origem; ou
- •Estar envolvido em incidentes de fuga, de violência ou de grave indisciplina no sistema prisional de origem.
Segundo a secretaria, “os presos são incluídos no Sistema Penitenciário Federal por um prazo de 3 anos, podendo sua permanência ser prorrogada quantas vezes forem necessárias com base em indícios de manutenção dos motivos que fizeram que ele fosse transferido para o SPF, a partir de decisão judicial”.