Mais de 10 crianças, em média, perderam uma ou ambas as pernas todos os dias em Gaza desde 7 de outubro, enquanto muitas das amputações são realizadas sem anestesia, disse a instituição de caridade Save the Children em um comunicado neste domingo (7), fazendo referência às estatísticas divulgadas pelas Nações Unidas.
Jason Lee, diretor nacional da Save the Children para o território palestino ocupado, disse que “o sofrimento das crianças nesse conflito é inimaginável e ainda mais porque é desnecessário e completamente evitável”.
“O assassinato e a mutilação de crianças são condenados como uma grave violação contra crianças, e os autores devem ser responsabilizados”, afirmou.
Lee disse que já viu “médicos e enfermeiros completamente sobrecarregados” quando crianças são trazidas com ferimentos causados por explosões.
“O impacto de ver crianças com tanta dor e não ter o equipamento e os medicamentos para tratá-las ou aliviar a dor é demais até mesmo para profissionais experientes. Mesmo em uma zona de guerra, as imagens e os sons de uma criança pequena mutilada por bombas não podem ser conciliados, muito menos compreendidos dentro dos limites da humanidade”, disse Lee.
A Save the Children também fez referência a uma declaração da Organização Mundial da Saúde, na qual a agência afirmou que muitas dessas operações em crianças em Gaza foram realizadas sem anestesia, já que o enclave está enfrentando uma grave escassez de medicamentos e suprimentos médicos.
A instituição de caridade disse que as crianças têm quase sete vezes mais chances de morrer de ferimentos causados por explosões do que os adultos, ao serem mais vulneráveis e sensíveis a ferimentos.
“Seus crânios ainda não estão totalmente formados e seus músculos não desenvolvidos oferecem menos proteção, de modo que uma explosão tem mais probabilidade de romper órgãos do abdômen, mesmo quando não há danos visíveis”, explicou o diretor.
Ele ainda ressaltou que “a menos que a comunidade internacional tome medidas para cumprir suas responsabilidades de acordo com o Direito Internacional Humanitário e evitar os crimes mais graves de interesse internacional, a história julgará e deverá julgar todos nós”.
Somente “um cessar-fogo definitivo” acabaria com “a matança e mutilação de civis” e permitiria que “a ajuda humanitária desesperadamente necessária” chegasse a Gaza, incluindo medicamentos essenciais para crianças feridas, acrescentou.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram repetidamente que não estão mirando em civis e que o grupo terrorista Hamas usa a infraestrutura civil, incluindo hospitais, como escudos para seus ataques a Israel.
O Ministério da Saúde palestino em Gaza, administrado pelo Hamas, disse no domingo que pelo menos 22.835 palestinos foram mortos e pelo menos 58.416 ficaram feridos em Gaza desde 7 de outubro. Pelo menos 113 pessoas foram mortas e pelo menos 250 ficaram feridas nas últimas 24 horas, informou o ministério.
A CNN não conseguiu verificar de forma independente os números divulgados.