Ex-diretora da CBF pede afastamento de Ednaldo Rodrigues por assédio moral

Primeira diretora da CBF, Luísa Rosa protocolou na Comissão de Ética da confederação, na última sexta-feira (5), uma notícia de infração pedindo o afastamento do presidente Ednaldo Rodrigues. Ela solicita que ele e o diretor de Governança e Conformidade, Helio Menezes Jr, sejam investigados internamente sobre as denúncias que fez sobre ter sofrido assédio moral no período em que trabalhou na entidade, entre 2020 e 2023.


A informação foi revelada pelo jornal Folha de S. Paulo, e a Itatiaia teve acesso à denúncia. Rosa já abriu um processo na Justiça pedindo indenização de R$ 1,8 milhão.


Na ação, ela alega ter sofrido diversas humilhações quando esteve no cargo, primeiro como Gerente de Infraestrutura e, depois, promovida ao cargo de Diretora de Patrimônio e Infraestrutura, em abril de 2022. Na época, a CBF produziu matéria no site oficial ressaltando que Rosa era a primeira diretora da história da organização.


Além do assédio moral, em que cita diretamente Ednaldo Rodrigues, Rosa também fala em assédio sexual ao apontar convites para “encontros não profissionais em bares”. Esta denúncia não inclui Ednaldo, mas outros funcionários e diretores da CBF.


A Comissão de Ética da CBF tem como presidente o advogado Carlos Renato Azevedo. O grupo tem o poder de afastar qualquer membro da confederação, por 90 dias, para investigação de denúncias. E se a conduta for considerara inapropriada ou lesiva à entidade, a comissão pode banir o funcionário, incluindo o presidente. A Itatiaia não conseguiu contato com Azevedo para saber se a denúncia será acatada.


Ednaldo Rodrigues não se pronunciou sobre o assunto. Ele ficou quase um mês afastado da presidência da CBF, entre 7 de dezembro de 2023 e 4 de janeiro, por decisão do Tribunal de Justiça do Rio, por problema no processo eleitoral da entidade.


Na semana passada, em decisão liminar, o Ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), recolocou Ednaldo na presidência após ação aberta pelo PC do B (Partido Comunista do Brasil), que é ligado ao secretário geral da CBF, Alcino Reis Rocha. O plenário do Supremo vai analisar o caso, em data incerta.


A denúncia

Luísa escreve no pedido que assediar é uma regra geral de conduta da CBF comandada por Ednaldo e que há um “forte esquema de espionagem para monitorar os funcionários”. Ela diz ter informações sobre a instalação de câmeras escondidas na sede da entidade, na Barra da Tijuca, Rio, e que convivia com conversas sobre a contratação de prostitutas para servir convidados.


Rosa baseia sua denúncia em sete tópicos: ela diz, por exemplo, que foi coagida a não aceitar uma proposta da Fifa, quando ainda era gerente, e que após ser promovida a diretora teve equipe reduzida, esvaziamento de atribuições e pessoas que não tinham cargo específico dentro da entidade, ligadas a Ednaldo, dando ordens a ela.


A ex-funcionária afirma também que sua nomeação como diretora foi apenas uma jogada de marketing da CBF, que a usou para construir a imagem de uma entidade preocupada com a igualdade de gênero, mas que na prática ela nunca teve autonomia na função. A profissional também diz que era alvo de constantes comentários misóginos e inconvenientes.


Rosa já havia procurado a Comissão de Ética anteriormente, em maio de 2023 e, em julho, foi demitida com o argumento de que havia vazado informações para a imprensa. No pedido, Rosa pede o afastamento de Ednaldo e de Hélio Menezes para que não interfiram em uma possível investigação que a comissão fará.


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