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Estados Unidos lançam primeiro foguete rumo à Lua após mais de meio século

Um imponente novo foguete levantou voo, transportando o que poderia ser o primeiro módulo de pouso comercial a pousar na Lua – e a primeira missão de pouso lunar lançada dos Estados Unidos desde 1972.


O foguete Vulcan Centaur, um modelo nunca antes visto desenvolvido pela United Launch Alliance (ULA), uma joint venture da Boeing e Lockheed Martin, ganhou vida na Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, na Flórida, às 4h18 (horário de Brasília) desta segunda-feira (8).


O veículo de lançamento está avançando em direção ao espaço, gastando seu combustível enquanto tenta se libertar da gravidade da Terra e enviar o módulo lunar, chamado Peregrine, dentro de seu interior a caminho da Lua.


Por volta das 5h (horário de Brasília), espera-se que a espaçonave Peregrine se separe do foguete e comece sua lenta jornada até a superfície lunar. Se tudo correr conforme o planejado, a sonda poderá pousar na Lua em 23 de fevereiro.


Vulcan Centaur prestes a iniciar decolagem / Reprodução/ULA

O que há a bordo

A empresa Astrobotic Technology, sediada em Pittsburgh, desenvolveu o módulo de pouso Peregrino – em homenagem ao falcão, que é o pássaro que voa mais rápido do mundo – sob um contrato com a NASA.


A agência espacial pagou à Astrobotic US$ 108 milhões para desenvolver o Peregrine e levar os experimentos científicos da NASA à superfície lunar.


Mas a agência espacial é apenas um cliente entre muitos desta missão.


Das 20 cargas que o Peregrine levará para a Lua, cinco são instrumentos científicos da NASA. Os outros 15 vêm de diversos clientes.


Alguns são cargas científicas adicionais de países como o México, enquanto outros incluem um experimento de robótica de uma empresa privada sediada no Reino Unido e bugigangas ou lembranças que a empresa de transporte alemã DHL reuniu.


Peregrine também carrega restos mortais em nome de duas empresas comerciais de enterros espaciais – Elysium Space e Celestis – um movimento que gerou oposição da Navajo Nation, o maior grupo de nativos americanos nos Estados Unidos.


O grupo afirma que permitir que os restos mortais pousem na superfície lunar seria uma afronta a muitas culturas indígenas, que consideram a Lua sagrada. A Celestis se oferece para levar cinzas à Lua por preços a partir de mais de US$ 10 mil, segundo o site da empresa.


Os cinco experimentos patrocinados pela NASA incluem dois instrumentos para monitorar o ambiente de radiação, “ajudando-nos a nos preparar melhor para enviar missões tripuladas de volta à Lua”, disse Paul Niles, cientista do projeto da NASA para o programa Commercial Lunar Payload Services, o braço da NASA que forneceu financiamento para Peregrine, durante uma coletiva de imprensa na quinta-feira.


Outros instrumentos analisarão a composição do solo lunar, procurando moléculas de água e hidroxila. A NASA também estudará a atmosfera superfina da lua.


Uma vez na superfície da Lua, espera-se que o Peregrine opere por até 10 dias antes de seu local de pouso mergulhar na escuridão – tornando-o muito frio para continuar.


Também a bordo do foguete Vulcan Centaur, embalado separadamente do módulo de pouso Peregrine, está outra carga útil da empresa funerária espacial Celestis.


O objeto, em uma missão chamada Enterprise Flight, conterá 265 cápsulas com restos humanos, bem como amostras de DNA dos ex-presidentes dos EUA John F. Kennedy, George Washington e Dwight Eisenhower.


Os restos mortais também incluem “o criador e vários membros do elenco da série de televisão original Star Trek, bem como um astronauta da era Apollo, juntamente com pessoas de todas as esferas da vida, interesses e vocações”, segundo o site da empresa.


O astronauta da Apollo cujos restos mortais estão a bordo do Enterprise Flight é Philip Chapman , que foi selecionado para o corpo de astronautas em 1967, mas nunca voou para o espaço. Ele morreu em 2021.


Vulcan Centaur após decolagem / Reprodução/ULA

Um novo foguete

Deixando de lado a emoção de uma tentativa iminente de pouso lunar, o lançamento do foguete Vulcan Centaur da ULA foi um evento por si só.


O foguete é um dos novos veículos mais esperados a voar em anos. Se a missão do foguete for bem-sucedida, poderá mudar o jogo para a ULA e para a indústria de lançamento em geral.


A ULA foi formada em 2006 em resposta à necessidade dos militares dos EUA de manter operacionais os foguetes Delta da Boeing e Atlas da Lockheed Martin. Mas a indústria de lançamentos parece muito diferente hoje do que era há quase duas décadas e, entretanto, a SpaceX emergiu como uma força dominante que reduz o preço da ULA.


A ULA e seu CEO, Tory Bruno, prevêem que o Vulcan Centaur substituirá seus foguetes Atlas e Delta. Vulcan Centaur já tem cerca de 70 missões agendadas, segundo Bruno.


A ULA tem um histórico de lançamento impecável, praticamente sem missões fracassadas. Vulcan Centaur baseia-se no sucesso dos foguetes Atlas da ULA usando essencialmente o mesmo estágio superior – a parte do foguete que impulsiona uma espaçonave a velocidades orbitais após a decolagem inicial.


Mas uma grande mudança foi feita no primeiro estágio do foguete, a parte inferior que lhe dá a explosão inicial de energia da plataforma de lançamento.


O Vulcan Centaur será impulsionado por dois propulsores laterais, bem como por dois motores de foguete fabricados nos EUA – desenvolvidos pela empresa Blue Origin, financiada por Jeff Bezos – na base de seu propulsor de primeiro estágio, substituindo os motores fabricados na Rússia que alimentavam os foguetes Atlas.


Representação artística do Vulcan Centaur em tempo real no espaço / Reprodução/ULA

A dependência da ULA dos motores russos tornou-se politicamente impopular à medida que as tensões entre os Estados Unidos e a Rússia aumentaram nos últimos anos.


A estreia do Vulcan Centaur já estava atrasada há anos, embora seja comum na indústria aeroespacial as empresas ultrapassarem os prazos.


A ULA encontrou longos atrasos aguardando os novos motores da Blue Origin. E um estágio superior do Vulcan Centaur foi inadvertidamente destruído em uma bancada de testes no ano passado.


Apesar desses contratempos, Bruno disse em novembro que o desenvolvimento do Vulcan Centaur foi um dos “programas de desenvolvimento mais ordenados e bem executados em que trabalhei em minha longa carreira na indústria aeroespacial”.


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