O Ibovespa encerrou a primeira sessão de 2024 em queda e o dólar voltou a superar a marca de R$ 4,90, nesta terça-feira (2), em movimento de ajuste de posições dos investidores após os ganhos recordes do mercado brasileiro ao fim do ano passado.
O cenário também reflete a queda generalizada em Wall Street, com o mercado ponderando sobre as atuais expectativas de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) a partir dos próximos meses e à espera de novos dados da maior economia do globo nesta semana.
O principal índice do mercado brasileiro encerrou a sessão com perda de 1,11%, aos 132.696 pontos, pressionado também pela alta dos juros.
Seguindo a alta global, o dólar também valorizou ante o real e encerrou o primeiro dia de negociações de 2024 com avanço de 1,21%, negociado a R$ 4,916 na venda, em linha com o aumento dos títulos públicos nos Estados Unidos.
Ajustes após recordes
O movimento de baixa desta quarta teve participação da Vale (VALE3), que perdeu 0,19% e do setor financeiro com Itaú (ITUB4) cedendo 1,28% e Bradesco (BBDC4) desvalorizando 1,99%.
No outro lado, Petrobras (PETR4) fechou em alta de 1,45%.
A queda devolve parte das altas históricas observadas nas últimas sessões do último ano.
A bolsa fechou 2023 quebrando recordes, superando os 134 mil pontos na última semana de negócios com alta de 22%, o salto mais expressivo desde 2019, quando subiu mais de 31%.
Para Apolo Duarte, head de renda variável e sócio da AVG Capital, o movimento mostra movimento de ajustes, além de um sentimento de cautela à espera da divulgação de novos dados dos EUA.
“Existe um movimento hoje de aversão a risco no mundo. Depois de uma alta muito forte que a gente teve no mês de dezembro, principalmente, fica claro na minha visão que os mercados passam por um ajuste à espera dos próximos dados que vão sair na semana nos Estados Unidos”, afirma.
Nesta quarta (3), o Fed divulga a ata com os detalhes da última reunião, em dezembro, que manteve a taxa de juros dos Estados Unidos no intervalo de 5,25% a 5,5% ao ano.
Já na quinta (4) e sexta (5) serão publicados dados do mercado de trabalho nos EUA referentes ao fim do ano passado.
Juros dos EUA no radar
A expectativa de corte em 2024 pelo Fed passou de 1,60 ponto percentual (p.p.) para 1,50 p.p. nesta semana, refletindo temores de parte dos investidores de que, talvez, o Fed não poderá ser tão brando na condução da política monetária quanto o previsto no final do ano passado.
“Concordamos amplamente com as opiniões de (Thomas) Barkin, (John) Williams e outros (diretores do Fed) que acreditam que é muito cedo para falar sobre cortes de taxas”, disse em relatório Jaime Valdivia, economista-chefe da Galápagos Capital.
“Um ciclo prematuro de cortes de taxas nos EUA nos preocupa pelos seguintes motivos: as expectativas de inflação de curto prazo permanecem elevadas e a inflação núcleo de serviços ainda é bastante persistente.”
Apostas num Fed mais brando ajudaram o real na reta final de 2023, uma vez que apontariam para uma rentabilidade menos competitiva do mercado de renda fixa dos EUA quanto comparada a países mais arriscados, de prêmios maiores.