O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira (12) que a taxa de juros do país começou a cair “de forma tímida, mas consistente”, enfatizando que os juros reais brasileiros seguem altos, o que deixa o Banco Central (BC) com “gordura para queimar” na política monetária.
“A taxa de juros começa a cair ainda de forma tímida, mas consistente”, disse em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, conhecido como “Conselhão”.
“Nós temos gordura para queimar na política monetária, nossa taxa de juro real ainda está muito distante do segundo colocado”, acrescentou.
Apesar do ritmo, com os cortes, Haddad afirma que o país deve entrar em breve em um ciclo virtuoso, com crescimento sustentável do ponto de vista fiscal e ambiental, prevendo uma melhora no cenário internacional, acrescentando que não há razão para imaginar que 2024 será pior do que 2023.
“Vamos associar nosso ciclo de corte [de juros] com um ciclo que vai começar a acontecer no mundo desenvolvido a partir de meados do ano que vem. Isso significa que um ciclo virtuoso pode ser iniciado”, disse.
A diretoria do BC está reunida para definir o patamar da Selic e deve anunciar na quarta-feira (12) novo corte de 0,50 ponto percentual na taxa, que iria a 11,75% ao ano.
O resultado do encontro será acompanhado de perto por agentes do mercado, que buscam sinalização sobre os passos futuros da política monetária.
Em seu discurso, Haddad afirmou que o crescimento econômico deve superar 3% em 2023 e que a inflação está “praticamente dentro da banda”.
Autonomia
O ministro ressaltou o fato de o Banco Central ter ganhado uma “autonomia inédita”, o que impossibilitou o governo Luiz Inácio Lula da Silva de indicar um presidente para a autarquia no início do mandado.
“Tem dois anos de transição até o que o presidente nomeie o presidente do Banco Central, o conjunto de diretores mais coerente com a política econômica conduzida pelo governo eleito”, afirmou.
Na apresentação, ele enfatizou a decisão do governo de estabelecer uma meta contínua para a inflação, “libertando o Banco Central do calendário gregoriano”, o que “tira uma pressão que só existia no Brasil de cumprir meta a cada ano”.
Para ele, é importante criar programas consistentes que olhem para a meta de inflação, mas também para outras variáveis macroeconômicas.
Haddad disse ainda que o acúmulo de reservas cambiais é fator importante para a sustentação da economia brasileira.
Ele disse que o país trabalha para atrair investimentos sustentáveis e reafirmou que o governo criará um instrumento para proteger investidores de longo prazo da flutuação cambial.
“Temos total condição de oferecer ao investidor estrangeiro as melhores condições de produção verde e associar isso a instrumentos financeiros novos e modernos para garantir estabilidade do nosso Orçamento, estabilidade do nosso câmbio”, afirmou.
Haddad também disse que o governo vai pagar nas próximas semanas R$ 94 bilhões em estoque de precatórios acumulados após a criação de um teto para essas despesas pelo governo anterior.
O governo recebeu aval do Supremos Tribunal Federal para quitar esse passivo sem afetar regras fiscais.
Ele também frisou que esta semana será “decisiva” para a votação de projetos de interesse do governo no Congresso.