O dólar fechou em queda nesta quarta-feira (13), dia marcado pela expectativa dos investidores em relação aos rumos dos juros no Brasil e nos Estados Unidos.
Por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) define a nova Selic, taxa básica de juros, hoje em 12,25% ao ano. A expectativa é de que haja um novo corte de 0,5 ponto percentual, levando a taxa a 11,75% ao ano, o menor patamar em quase dois anos.
Já nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) decidiu manter seus juros inalterados entre 5,25% e 5,50% ao ano. A decisão era esperada pelo mercado e foi unânime, mas esse continua sendo o maior nível das taxas desde 2001.
Veja abaixo o dia nos mercados.
Dólar
O dólar fechou em queda de 0,97%, cotado a R$ 4,9177. Veja mais cotações.
Com o resultado, passou a acumular:
- •queda de 0,24% na semana;
- •avanço de 0,05% no mês;
- •recuo de 6,83% no ano.
No dia anterior, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,59%, vendida a R$ 4,9659.
Ibovespa
Às 17h40, o Ibovespa subia 2,59%, aos 129.678 pontos.
No dia anterior, o índice fechou em baixa de 0,40%, aos 126.403 pontos. Com o resultado, passou a acumular:
- •queda de 0,54% na semana;
- •retração de 0,73% no mês;
- •ganhos de 15,19% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
No cenário interno, as perspectivas são bastante otimistas para o futuro da taxa Selic. Isso porque as decisões sobre os juros são tomadas com base na trajetória da inflação. De forma simples, se a inflação está pressionada e subindo, o Copom eleva os juros para conter o avanço dos preços. Já quando a inflação desacelera, fica viável que os juros caíam também.
Atualmente, a inflação brasileira, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mostra uma trajetória benigna. Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que os preços medidos pelo IPCA subiram 0,28% em novembro, contra alta de 0,24% no mês anterior.
No acumulado em 12 meses, a inflação é de 4,68% e, no ano, acumula alta de 4,04%. Em ambos os intervalos, a inflação está dentro do intervalo da meta do BC para 2023, que pode oscilar entre 1,75% e 4,75%.
Em análise, a XP Investimentos considerou que, desde a última reunião do Copom, no começo de novembro, as notícias foram benignas para a inflação de curto prazo, com queda das taxas de juros em países desenvolvidos, com recuo da inflação e dos preços do petróleo.
“O principal risco, a nosso ver, continua no lado fiscal. Notícias recentes sugerem novas despesas fora dos limites do arcabouço recentemente aprovado, e menos contingenciamento orçamentário se a meta fiscal estiver sob risco de não ser atingida”, diz a instituição em comunicado.
“Esses sinais reforçam a nossa visão de que a política fiscal tem um viés expansionista, o que tende, em algum momento, a pressionar as expectativas de inflação”, prosseguiu.
Neste contexto, assim como a maior parte do mercado, a expectativa da XP é que o Copom opte por promover um novo corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, no que seria a quarta queda consecutiva.
“É dado como certo os próximos dois cortes de 0,5 p.p. nas duas próximas reuniões e em 2024 poderemos ver algumas demonstrações com relação a aceleração nos cortes. Até lá, a discussão será até onde poderá ir esse corte de juros”, comenta Caio Canez de Castro, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital.
Ainda no cenário doméstico, o presidente Lula sancionou a lei que taxa fundos exclusivos e offshores. Já o projeto de lei que estabelece regras para o mercado de apostas esportivas foi aprovado pelo Senado. As duas propostas têm como objetivo aumentar a arrecadação federal.
Voltando aos juros nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), manteve os juros do país inalterados nesta quarta-feira, em uma faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. A decisão foi unânime. Esse continua sendo o maior nível das taxas desde 2001.
A decisão já era esperada pelo mercado e veio após o comitê ter mantido o mesmo referencial na última reunião, em novembro. Em comunicado, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) informou que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica do país “desacelerou em relação ao ritmo forte registrado no terceiro trimestre”.
A afirmação representa uma atualização frente ao último comunicado, em novembro, quando o colegiado destacou o avanço do ritmo da atividade econômica. Entre julho e setembro, o PIB norte-americano subiu a uma taxa anual de 4,9%, o maior crescimento desde 2021.
Outra mudança está no trecho em que o Fomc menciona a inflação. O colegiado reafirmou que a taxa segue elevada nos Estados Unidos, mas, dessa vez, reconheceu que “a inflação diminuiu no último ano”.
A inflação de novembro, divulgada ontem, subiu 0,1% na maior economia do mundo, enquanto as projeções eram de estabilidade dos preços. A inflação anual caiu de 3,2% para 3,1%, enquanto a meta do Fed é de 2%.
A expectativa é que o Fed só inicie um ciclo de cortes nas taxas em meados de 2024.