O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) iniciou uma ofensiva contra a reforma tributária, mas encontra resistência entre seus próprios apoiadores. A avaliação de pessoas próximas é que Bolsonaro pode ser traído por aliados na votação em plenário.
Bolsonaro participou na terça-feira (7) de um jantar com os senadores do PL e ligou para várias lideranças pedindo para votarem contra. O ex-presidente ainda fez uma longa publicação no X (antigo Twitter) expondo os motivos para votar contra as novas regras para tributação no país.
Em mais um ato de pressão contra a reforma, Bolsonaro esteve na tarde desta quarta-feira (8) no Congresso Nacional.
Em conversa com aliados, Bolsonaro demonstrava estar entusiasmado e dizia acreditar que a vantagem do governo não será tão ampla no plenário.
Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o placar foi de 20 a 6. Na votação desta tarde, a expectativa do governo é ter o apoio de 52 a 55 votos.
Para aliados do ex-presidente, o resultado desta votação pode ajudar a definir não apenas o tamanho do apoio do governo, mas escancarar a fragilidade do bolsonarismo como oposição.
Voto contrário
Na campanha contra a reforma tributária, o principal argumento do ex-presidente é que a reforma elevaria impostos. Bolsonaro também fez uma publicação nas redes sociais acusando alguns senadores de votarem com os “comunistas”.
O PL, no entanto, decidiu orientar voto contrário, mas não punir quem votar a favor. “Não houve quem queira votar a favor de mais impostos ao contribuinte. Por isso não havia necessidade de fechar questão”, disse o senador Carlos Portinho, líder do PL no Senado.
O senador Ciro Nogueira, presidente do PP e ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, sinalizou a interlocutores que deve votar a favor. Ele já se posicionou favoravelmente na Comissão de Constituição e Justiça.
Líder do Republicanos no Senado, Mecias de Jesus (RR) vai conversar com a bancada nesta tarde para definir posicionamento sobre reforma tributária. Até agora não há uma orientação.
Vice-líder do Republicanos na Casa, Hamilton Mourão (RS) disse à CNN que votará contra.
“Sou contrário por dois aspectos fundamentais: incluir isenções na Constituição é um absurdo, que tira toda e qualquer flexibilidade dos governos, e a indefinição sobre o valor da alíquota”, disse Mourão.