A Polícia Federal (PF) investiga se mais ferramentas de espionagem foram usadas de forma ilegal por servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Uma delas é um programa de invasão de computadores, capaz de acessar conteúdo privado sem que os alvos percebam.
Segundo fontes com acesso à investigação, o software foi encontrado nos equipamentos apreendidos durante a operação que apura o monitoramento ilegal de celulares durante a gestão do ex-presidente Bolsonaro.
Ainda não é possível, no entanto, afirmar que o programa foi usado para este fim. Os investigadores trabalham, neste momento, em uma triagem para entender quantos são e a quem pertence os computadores espionados. Isso será feito por meio dos IPs (rótulos numéricos atribuídos a cada dispositivo conectado a uma rede de computadores).
Questionada, a Abin ainda não se pronunciou sobre o uso ilegal de programa para invadir computadores.
Operação Última Milha
Na última sexta-feira (20), dois agentes da Abin foram presos e outros três afastados por espionarem ilegalmente jornalistas, políticos, advogados, juízes e até ministros do Supremo Tribunal Federal.
Conforme apurou a CNN, o programa israelense FirstMile foi usado pelo menos 33 mil vezes em 1.800 números diferentes, entre 2019 e 2022.
Dois servidores que respondiam a processo administrativo foram presos. Segundo investigação da Corregedoria, eles usaram o conhecimento do FirstMile para coagir colegas na tentativa de evitar a exoneração. Eles teriam tentado vender programa de uma empresa em nome deles para o Exército em um pregão. A Abin proíbe que servidores tenham empresas em seus nomes.