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“Há uma epidemia de violência política de gênero no Brasil”, diz Flávio Dino

A senadora Soraya Thronicke (União-MS) e a presidente do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), Yara Lins dos Santos, se reuniram com o ministro da Justiça, Flávio Dino, nesta quinta-feira (19), para abordar casos de violência política de gênero.


Soraya e Yara abordaram com prioridade as agressões que a presidente eleita do TCE-AM denunciou ter sofrido de um outro conselheiro da Corte.


Yara Lins formalizou denúncia na Delegacia-Geral do Amazonas no dia 6 de outubro, afirmando ter sido ameaçada e xingada por seu adversário nas eleições do tribunal. Segundo ela, minutos antes da eleição – realizada três dias antes -, recebeu xingamentos misóginos no plenário do TCE.


A conselheira, de 66 anos, é a única mulher a compor o pleno e foi eleita presidente pela segunda vez, para comandar o tribunal no biênio 2024-2025.


“Eu vim aqui ao ministro da Justiça pedir justiça. Fui agredida covardemente com palavrões de baixo calão e ameaças. Acredito na justiça do meu estado e do meu Brasil. É o motivo de eu estar pedindo justiça. Com certeza há uma discriminação pelo fato de ser mulher. E eu acredito que mais por isso eu sofri essa agressão”, declarou a presidente à CNN.


“Epidemia de violência política”

O ministro Flávio Dino também comentou o caso. “Infelizmente, há uma espécie de epidemia de violência política de gênero no Brasil. Desde janeiro tenho recebido parlamentares, vereadoras, deputadas, senadoras, chefes de Poder Executivo e, agora, a presidente do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas, que narra uma situação grave envolvendo um outro conselheiro, e por isso.”


Segundo Dino, a Polícia Federal (PF) deve investigar esse caso. “Infelizmente, são dezenas de casos que chegaram ao Ministério da Justiça desde janeiro e foram transformados em inquérito policial que já tramitam na Polícia Federal. Muito recentemente houve mensagens padronizadas ameaçando parlamentares de ‘estupro corretivo’, e isso foi usado em centenas de mensagens. Isso configura uma série de crimes, e é por isso que a PF está investigando e agora teremos a agregação dessa nova situação.”


A senadora Soraya Thronicke levou o caso também ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e à Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo ela, o ministro Moraes “está muito sensibilizado com o avanço dessa espécie de crime no país”.


“É que isso não acontece só aqui. Aqui nós estamos no centro com todo o aparato. E quem está lá no Amazonas, quem está lá no Amapá, quem está no Mato Grosso do Sul? Elas ficam distantes e dentro de um Judiciário, às vezes, politicamente difícil. Então pedi esse socorro para nós, que temos esse acesso”, pontuou.


Confusão pós-CPMI

Na noite desta quarta-feira (18), houve um caso envolvendo também a senadora Soraya. Parlamentares da base governista caminhavam no Senado, junto com a relatora da CPMI do 8 de janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), em comemoração à aprovação do relatório no colegiado. Um assessor entrou no meio dos parlamentares, começou a fazer vídeos contestando o trabalho da CPMI e ofendendo a relatora.


Imagens mostram quando o deputado Rogério Correia (PT-MG) bate na mão do assessor que segurava o celular para que ele parasse. O aparelho caiu na cabeça da senadora Soraya, que no momento alegou ter sido agredida.


Com o tumulto, o homem fugiu e foi perseguido por policiais legislativos e outros assessores que presenciaram a cena. Ele trabalhava no gabinete do deputado Carlos Jordy (PL-RJ), que informou à CNN que vai exonerar o assessor, que negou agressão.


Nesta quinta-feira (19), o deputado Rogério Correia também falou com a CNN explicando o caso. “Ele cometeu o crime, talvez por isso ele tenha saído corrido, infelizmente o celular dele não foi apreendido, deve ter muita coisa errada lá dentro”.


Esse assunto também foi abordado na reunião entre o ministro Dino, a senadora Soraya e a conselheira Yara Lins.


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