O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, participou neste sábado, 21, da cúpula promovida pelo Egito para debater a crise humanitária provocada pelo conflito no Oriente Médio. Durante sua fala, ele mudou o tom apaziguador que vinha sendo adotado pelo governo brasileiro e classificou a ação do grupo extremista Hamas como ‘ataques terroristas’. “O governo brasileiro rejeita e condena inequivocamente os ataques terroristas perpetrados pelo Hamas em Israel no dia 7 de outubro, bem como a tomada de reféns civis. Cidadãos brasileiros estão entre as vítimas, três deles foram assassinados em Israel”, declarou o ministro.
O diplomata destacou a deterioração da situação humanitária na região e a necessidade de garantir os direitos humanos internacionais e o direito humanitário em qualquer circunstância. “Nas últimas décadas, não testemunhamos nenhum vencedor neste conflito prolongado. E a população civil continua a ser a principal vítima da falta de diálogo e do ressentimento cada vez maior. O impasse no processo de paz; a estagnação social e económica que prevalece há muito tempo em Gaza; a expansão contínua dos colonatos israelitas nos territórios ocupados, a violência contra os civis, a destruição de infraestruturas básicas, as violações do “status quo” histórico dos locais sagrados em Jerusalém, todos estes fatores se combinam para gerar um ambiente social e cultural que põe em risco a “solução de dois Estados” e gera ódio, violência e extremismo”, discursou.
Mauro Vieira também lamentou a rejeição da resolução apresentada ao Conselho de Segurança da ONU. “A paralisia do Conselho de Segurança está a ter consequências prejudiciais para a segurança e a vida de milhões de pessoas. Isto não é do interesse da comunidade internacional. Devemos também esforçar-nos por evitar qualquer possibilidade de repercussão regional do conflito. Mais adiante, temos de encontrar formas de revitalizar o processo de paz, de fazer avançar as negociações políticas no sentido de uma paz abrangente, justa e duradoura no Médio Oriente. A simples gestão do conflito não é uma alternativa aceitável. Só a retoma de negociações eficazes poderá trazer resultados concretos para a implementação da solução de dois Estados, em conformidade com todas as resoluções relevantes da Assembleia Geral e do Conselho de Segurança, com Israel e a Palestina a viverem em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e reconhecidas internacionalmente. O Brasil está pronto e disposto a apoiar todos os esforços nesse sentido”, concluiu.
Por Jovem Pan