“Eu só tenho a agradecer a todos. E que Deus venha abençoar e entrar no lar de todos que ficaram do nosso lado”, disse a mãe do aluno de 14 anos que foi impedido de assistir aula por estar de chinelos. O adolescente vem recebendo apoio e presentes após a repercussão da história (entenda mais abaixo) — entre os presentes estão pares de tênis.
Ao g1 a mãe — que está desempregada e não tem condições de comprar os tênis para o filho, pois o pai não pagou a pensão alimentícia — relatou o sentimento de gratidão com a ajuda que vem recebendo. Ao todo, até essa quinta-feira (31), o adolescente ganhou três pares de tênis, uma calça e uma camiseta.
“Eu quero expressar meu agradecimento a todas as pessoas que apoiaram e estão apoiando a nós, seja com palavras de carinho, com presentes como tênis e camisas. É algo que ameniza um pouco tudo o que passamos e sofremos, é claro que isso não vai apagar o que aconteceu. Estamos tentando esquecer, mas não é fácil, porém, o carinho da população tem sido um conforto”, disse ao g1.
Procurada novamente, a Secretaria Educação e Desporto (Seed), responsável pela Escola Estadual São José, onde ocorreu o caso, disse que a própria unidade encaminhou um relatório à Divisão de Desenvolvimento Psicossocial da Seed. Tanto o aluno como a família devem ser atendidos nesta sexta-feira (1º).
“A Seed informa ainda que a utilização de fardamento é uma forma de disciplina e organização interna das escolas, mas que não se sobrepõe em nenhum momento ao direito constitucional do acesso ao ensino público”, completou.
A história teve repercussão em todo o país pelas redes sociais na última segunda-feira (28) e, de acordo com a mãe, em outros países também, já que uma mulher da Colômbia está mandando pelos correios um par de chuteiras para o adolescente.
“Pessoas da nossa cidade e de outras cidades enviaram mensagens e presentes, inclusive uma senhora da Colômbia que está mandando duas chuteiras para ele. Isso nos enche de alegria. Não imaginávamos passar por algo assim, receber esse abraço humano de todos”.
“Quero expressar minha gratidão a todas as pessoas que estão enviando mensagens de apoio e carinho. Como mãe, é extremamente gratificante ver meu filho feliz, sorrindo e animado, expressando que gostou de algo”.
Segundo a mãe, o filho e outros cerca de dez alunos foram colocados para fora por estarem com o uniforme inadequado. Ela disse que o menino foi à escola de chinelo porque o tênis dele rasgou e ela aguarda o pai dele pagar a pensão para comprar um novo par de calçados.
Em nota, na ocasião, a Seed responsável pela escola, informou que fez contato com a direção do colégio e adotaria providências cabíveis.
“Ele me ligou e falou ‘mãe, eu estou aqui no terminal, não tem ônibus para voltar [para casa]’. Ele me ligou chorando, dizendo ‘mãe, aconteceu que me tiraram da escola'”, relatou, acrescentando que o menino ficou cerca de 2 horas na rua, fora da escola porque não tinha como ir embora.
Em um vídeo de pouco mais de um minuto, a mãe registrou o filho sentado em um banco na frente da escola. Ele relatou ter explicado para a orientadora da escola, mas ela debochou na frente dos colegas e disse que “era problema dele” e que a mãe dele era “cheia de dinheiro e trabalha no garimpo”.
Em entrevista ao g1, a mãe disse que entrou em contato com a gestão da escola, explicou a situação, mas, não houve acordo. Ao encontrar o filho fora da unidade, ela acionou a Polícia Militar.
Segundo ela, o policial entrou na escola e voltou dizendo que não poderia fazer nada, que ela teria de registrar um boletim de ocorrência. Depois disso, a servidora que estava representando a gestora conversou com a mãe e pediu que ela não levasse a situação para fora da escola, o que foi negado pela mãe do menino.
Em nota, a Seed disse que deve adotar medidas em relação a conduta da servidora da unidade educacional, “uma vez que não há nenhuma orientação por parte da Secretaria, nem por parte de nenhuma instituição de ensino da rede para impedir a entrada de estudantes nas unidades de ensino em razão de fardamento escolar”.
A Polícia Civil disse que como se trata de vítima menor, vai encaminhar o boletim de ocorrência feito pela mãe do menino do 4° Distrito Policial, onde foi registrado, para o Núcleo de Proteção à Criança e Adolescente, “aonde já estão sendo adotadas as providências e diligências cabíveis.”