Ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Barbosa Cid chegou à sede da Polícia Federal em Brasília às 10h desta segunda-feira (28) e só deixou o prédio às 20h, 10 horas depois – gerando especulações de que poderia ter fechado uma delação premiada.
Militares que acompanhavam as notícias sobre o depoimento do colega de farda, na noite de segunda, torciam para que ele tenha feito uma delação e falado tudo o que aconteceu no Palácio do Planalto.
Segundo esses militares, essa seria a única opção para começar a “cicatrizar a ferida aberta” durante o governo Bolsonaro que tanto desgastou as Forças Armadas.
De acordo com a cúpula do Ministério da Defesa e do Comando do Exército, as Forças Armadas “estão sangrando em praça pública” e, para que a crise criada pelo ex-presidente Bolsonaro seja superada, o ideal é que Mauro Cid tenha delatado os militares envolvidos em irregularidades e atos golpistas.
Só assim, dizem, vai acabar esse clima de desconfiança dentro das Forças Armadas sobre quem colaborou e participou das articulações golpistas de Bolsonaro.
Um integrante do Ministério da Defesa destaca que, hoje, todo mundo cobra punições de militares, mas é preciso saber os nomes dos envolvidos e que o Supremo Tribunal Federal os julgue.
“Com uma delação do Mauro Cid, acaba esse clima de desconfiança, fica claro quem participou, e o STF vai tomar conta desse pessoal. Aí, vamos virar a página”, disse um integrante da cúpula das Forças Armadas ao blog.
Troca de advogado e possível delação
Depois de trocar de advogado, o ex-ajudante de ordens, por meio do advogado Cezar Bittencourt, indicou que passaria a colaborar com a Polícia Federal nas investigações.
Primeiro, destacou que o cargo de Mauro Cid tem como atribuição cumprir ordens. Depois, o advogado disse que seu cliente iria confessar. Em seguida, falou que ele iria esclarecer tudo em relação aos acontecimentos que ele presenciou no Palácio do Planalto.
Até agora, o tenente-coronel vinha se mantendo em silêncio nos depoimentos à PF e CPIs para não criar provas contra ele mesmo. Agora, segundo aliados de Bolsonaro, tudo indica que ele começou a falar.
Afinal, destacam, ninguém passa dez horas dentro da PF dizendo que vai ficar em silêncio. E o depoimento de Mauro Cid começou na sexta-feira passada e teve continuidade ontem na Polícia Federal.