O Banco Central (BC) anunciou nesta segunda-feira (7) o Drex, o nome oficial do real digital do país.
Cada letra do nome é referente a uma característica da ferramenta: o “D” representa a palavra digital; o “R” o real; o “E” simboliza a palavra eletrônica; e o “X” passa a ideia de modernidade e de conexão, além de repetir a última letra do Pix, sistema de transferência instantânea.
Com previsão de lançamento até o final de 2024, o real digital será uma versão da moeda brasileira, que poderá ser convertida para qualquer outra forma de pagamento e também usada para transações do dia a dia.
Drex X criptomoedas
Por ser uma moeda digital, existe uma dúvida quanto à semelhança com uma criptomoeda.
Felipe Medeiros, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos, esclarece que a Drex é emitida por uma instituição centralizada, que é o Banco Central.
“Ela estará em uma estação de blockchain, assim como as criptomoedas, mas tem uma função diferente”.
Enquanto as criptomoedas representam um ativo dentro da blockchain — sistema que abriga as criptomoedas —, o real digital representa, literalmente, o dinheiro brasileiro.
“Ele será totalmente emitido e controlado pelo BC e irá obedecer às mesmas políticas que o dinheiro físico tem.”
A única diferença entre o real físico, impresso pela Casa da Moeda e controlado pelo BC, é a plataforma.
“Enquanto a nota de dinheiro está no papel, o Drex vai estar em blockchain.”
As criptomoedas são emitidas de formas decentralizadas, não permissionadas e qualquer plataforma ou financeira pode distribuir.
Vinícius Bazan, analista de criptoativos da Empiricus Research, explica que o nome “Drex” é mais um passo em direção à implementação do ativo, que não é uma criptomoeda como o bitcoin e o ethereum, no sentido de ser descentralizado e criado por um projeto independente.
“Não é nem stablecoin, é uma representação virtual do real. Ou seja, é apenas uma moeda fiduciária em representação diferente com infraestrutura de blockchain”, esclarece Bazan.
José Luiz Homem de Mello, sócio do Pinheiro Neto Advogados, explica que o Drex é uma moeda de curso forçado como o papel-moeda, só que totalmente digital, portanto com mais tecnologia, menos custo e menos risco de emissão.
“Ainda assim, o projeto é piloto, sem norma emitida. Isso é um projeto para o futuro, com agenda para implementação para 2024 e 2025.”
“A expectativa, quando entrar na rua, é que não deve haver grande mudança comportamental dos brasileiros, mas gradativamente mais ferramentas de tecnologia vão ser aplicadas para a população transacionar mais digitalmente e menos com papel-moeda.”
Segurança
Sobre os riscos de fraude, o analista de criptomoedas da Quantzed Criptos explica que estão ligados a um comportamento humano, não de dentro da tecnologia que será implantada.
“Vão existir fraudes, como já existem relacionadas ao Pix e ao dinheiro moeda, ou seja, vão ser descobertas novas forma de tentar ludibriar as pessoas com pouca informação”.
Para fugir de fraude com o Drex, o consumidor só deve ter consciência e conhecimento de como funciona a plataforma e aguardar orientações do seu banco.
“Nunca se deve tentar negociar, utilizar ou obter qualquer vantagem com isso dentro dos canais oficiais dos bancos ou do BC”, oriente Medeiros.
Falando da tecnologia em si, o especialista avalia que dificilmente terá fraude. Segundo ele, o BC já disse que vai garantir segurança cibernética para que todas as transações estejam seguras.
“A partir do momento em que a pessoa está utilizando o serviço do seu banco, com a retaguarda do Banco Central, toda a responsabilidade de segurança nessas transações são dessas instituições, e não do cidadão”.
Para o especialista, o brasileiro poderá utilizar a Drex nos sistemas dos bancos e do BC tranquilamente, uma vez que essa segurança está em responsabilidade das instituições de manter esse dinheiro seguro.