Seis horas após um apagão afetar todas as regiões do Brasil, a energia foi restabelecida em todo o sistema elétrico nacional na tarde desta terça-feira (15).
O Ministério de Minas e Energia (MME) disse que o sistema foi restabelecido completamente às 14h30, “restando ajustes pontuais a serem realizados pelas distribuidoras em algumas cidades”.
“O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, concede entrevista coletiva à imprensa nesta terça-feira (15/8), às 16h30, junto com as entidades vinculadas para detalhar o trabalho realizado pelo MME no reestabelecimento dos serviços”, concluiu o Ministério, em comunicado.
Como o apagão aconteceu?
O apagão começou a ser registrado nos sistemas do ONS exatamente às 8h31 no horário de Brasília – quando foi interrompido o tradicional aumento da carga do sistema elétrico. Em dez minutos, a carga do sistema elétrico brasileiro caiu 25,9%.
Dados que mede o SIN do ONS mostram que o Brasil registrava 73.484,7 MW às 8h30 no horário de Brasília em trajetória de alta – exatamente como acontece todas as manhãs. Mas, no minuto seguinte, às 8h31, a carga do sistema cai repentinamente cerca de 7%.
A perda de carga continua nos minutos seguintes até as 8h40, quando o sistema registra a menor carga do dia, de 54.383,7 MW.
Os dados do SIN mostram que houve, em dez minutos, perda de carga de mais de um quarto da energia do sistema. A partir das 8h41, a carga volta a subir gradativamente.
Segundo o analista de Economia da CNN Fernando Nakagawa, o Norte foi a região que mais sofreu com o apagão, com uma queda de 83,8% da carga em pouco mais de dez minutos.
No Nordeste, a carga do sistema caiu 44,4%. No subsistema Sudeste-Centro-Oeste, a perda foi de 19% após o apagão e a queda chegou a 15,5% na região Sul – a que menos sofreu com o apagão.
O que provocou o apagão?
De acordo com o ONS, às 08h31 desta terça-feira, houve uma “ocorrência” – termo utilizado pela entidade para definir qualquer evento ou ação que leve o Sistema Interligado Nacional (SIN) a operar fora de suas condições normais.
O SIN é um sistema de grande porte que interconecta, em uma malha de transmissão, a energia elétrica gerada em usinas hidrelétricas, termelétricas e eólicas no país. O ONS é a entidade responsável por coordenar e controlar as operações do SIN.
Esse sistema é formado por quatro “subsistemas” divididos pelas regiões do Brasil: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Norte. O estado de Roraima é o único ainda desconectado do SIN.
Segundo o ONS, a ocorrência às 08h31 desta terça provocou a “separação elétrica” das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste.
Isso levou à “abertura das interligações entre essas regiões”. A “interligação elétrica” é como o ONS chama o conjunto de linhas de transmissão que conecta duas ou mais áreas do sistema.
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No momento da ocorrência, a região Norte/Nordeste enviava grandes quantidades de energia para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste.
Com a interligação comprometida, o subsistema Sudeste/Centro-Oeste não gerava energia suficiente para atender toda a demanda, então houve acionamento do chamado ERAC — Esquema Regional de Alívio de Carga.
Esse mecanismo, previsto nas operações do sistema elétrico, derruba automaticamente o fornecimento de energia em algumas localidades a fim de minimizar os efeitos da perda de energia.
E apesar dos subsistemas de Norte e Nordeste estarem “exportando” energia no momento da falha, não foi possível manter a continuidade das operações nessas regiões, porque era preciso desligar turbinas de usinas hidrelétricas para impedir uma sobrecarga no sistema, que também derrubaria as redes.
“Houve pelo menos 16 mil MW de interrupção de energia. O Operador, assim que identificou a situação, iniciou ação conjunta com os agentes para restabelecer a energia nas regiões”, disse o ONS.
O ONS afirmou que as causas da ocorrência – ou seja, o que provocou essa falha nas interligações dos subsistemas Norte e Nordeste com o Sul e Sudeste/Centro-Oeste – ainda estão sendo apuradas.
O vice-presidente Geraldo Alckmin disse mais cedo que a investigação da causa da perda de carga no sistema seria feita após a normalização completa.