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Zé Celso lutava na Justiça contra Silvio Santos há 43 anos por terreno do Teatro Oficina

O diretor, ator e dramaturgo Zé Celso Martinez morreu nesta quinta-feira (6) aos 86 anos após um incêndio atingir seu apartamento. A tragédia que ocasionou queimaduras em 53% de seu corpo aconteceu na madrugada da última terça-feira (4).


A morte do dramaturgo e líder da Associação Teatro Oficina Uzyna Uzona, localizada no bairro do Bixiga, no centro de São Paulo, ocorre antes do fim de uma disputa que ocorre há 43 anos. O imóvel é ponto de uma longa batalha judicial contra o apresentador e empresário Silvio Santos.


“O terreno é do Grupo Silvio Santos, mas não temos nada mais a declarar”, afirmou a assessoria de imprensa do SBT à CNN.


O Teatro Oficina foi fundado por Zé Celso no final da década de 1950, mais precisamente em 1958, junto com outros cinco artistas. Em 1961, o grupo se instalou no local. O espaço acabou virando sede da companhia. Em 1966, após um incêndio, o imóvel passou por uma reforma, e hoje é considerado patrimônio histórico pela Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico).


A disputa entre Zé Celso e o “dono do Baú da Felicidade” começou em 1980. Na época, Silvio Santos comprou um terreno que está em volta do teatro.


A ideia do comunicador era erguer um arranha-céu para seu grupo empresarial, no entanto, sabendo que o prédio prejudicaria o espaço cênico, o dramaturgo decidiu ir para a Justiça.


Uma das particularidades do Teatro Oficina é uma grande janela em uma de suas partes laterais, que possibilita ao telespectador enxergar com certo privilégio a paisagem da cidade de São Paulo. Sabe-se que em 2016, Condephaat vetou a construção de torres da Sisan, um braço imobiliário do Grupo Silvio Santos, em um terreno vizinho ao teatro de Zé Celso. O projeto previa o levantamento de três torres, sendo que duas delas, impediriam a vista o teatro.


No ano seguinte, o imbróglio ganhou novos rumos, fazendo Zé Celso e Silvio Santos se reunirem para um acordo. Contudo, nada foi decidido. Na ocasião, o dramaturgo cogitou que o terreno sediasse o parque do rio Bixiga.


O ipê e uma multa de R$ 200 mil

O desentendimento entre o fundador do Teatro Oficinal e Silvio Santos ganhou um novo capítulo no dia 6 junho deste ano. Nesta data, Zé Celso se casou com Marcelo Drummond em uma cerimônia intimista realizada no teatro. O casal foi presenteado pelas atrizes Fernanda Montenegro e Fernanda Torres com um ipê. A ideia do diretor era plantar o ipê no terreno disputado.


Dias depois, o dramaturgo foi surpreendido com uma liminar judicial que o proíbe de plantar a árvore na área ao redor do teatro. A juíza Juliana Koga Guimarães, da 39ª Vara Cível do Foro Central, determinou uma multa de R$ 200 mil para qualquer ato praticado por Zé Celso que possa a vir prejudicar a posse o imóvel.


Em tempo, vale lembrar que Zé Celso convidou Silvio Santos para seu casamento com Drummond. O diretor até sugeriu um presente: ganhar do empresário a doação do terreno próximo ao Teatro Oficina.


“É a vida como ela é. Vivemos no capitalismo. É muito mais fácil fazer o que eles fizeram [entrar com o pedido liminar] do que ter uma atitude de grandeza e generosidade e doar o terreno”, lamentou o dramaturgo, após a decisão judicial.


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