A Rússia atacou novamente terminais de grãos ucranianos e fez exercícios de apreensão de navios no Mar Negro nesta sexta-feira (21). Líderes ocidentais acreditam que essa escalada russa pode ser uma tentativa de escapar das sanções impostas a ela pela guerra ao ameaçar uma crise alimentar global.
Os ataques diretos aos grãos da Ucrânia — parte fundamental da cadeia alimentar global — aconteceram após Kiev prometer desafiar o bloqueio naval da Rússia em seus portos de exportação depois que Moscou deixou um acordo de corredor marítimo seguro mediado pela ONU .
“Infelizmente, os terminais de grãos de uma empresa agrícola na região de Odessa foram atingidos. O inimigo destruiu 100 toneladas de ervilhas e 20 toneladas de cevada”, disse o governador regional Oleh Kiper no aplicativo de mensagens Telegram.
Duas pessoas ficaram feridas, afirmou ele. Fotografias divulgadas pelo Ministério de Emergências mostraram um incêndio em edifícios de metal amassados que pareciam ser depósitos e um veículo de combate a incêndio gravemente danificado.
Moscou descreveu os ataques recentes como uma vingança pelo ataque à Ponte da Crimeia — península ucraniana do Mar Negro anexada ilegalmente por Moscou em 2014.
A Rússia disse que consideraria que todos os navios que se dirigem para as águas ucranianas estariam potencialmente transportando armas a partir de quinta-feira (20). Para Washington, isso é um sinal de que os russos podem atacar navios civis. Kiev respondeu mais tarde emitindo um aviso semelhante sobre navios com destino à Rússia.
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou nesta sexta-feira que sua frota do Mar Negro disparou foguetes contra “alvos flutuantes” e apreendeu navios. O embaixador de Moscou em Washington negou qualquer plano de ataque a navios.
Os ataques à infraestrutura de exportação de grãos e a ameaça percebida ao transporte marítimo elevaram os preços dos contratos futuros de trigo de Chicago nesta sexta-feira para seu maior ganho semanal desde a invasão de fevereiro de 2022, com os comerciantes preocupados com a oferta.
O Conselho de Segurança da ONU se reunirá mais tarde para discutir as “consequências humanitárias” da retirada da Rússia do acordo do corredor seguro, que grupos de ajuda dizem ser vital para conter a fome crescente em uma série de países mais pobres.
Moscou diz que não participará do acordo de grãos sem melhores condições para suas próprias vendas de alimentos e fertilizantes.
Líderes ocidentais acusam a Rússia de tentar afrouxar as sanções impostas à invasão da Ucrânia, que já isentam as exportações de alimentos russos.