O médico ginecologista Fábio Guilherme da Silveira Campos, de 73 anos, preso em Goiânia após denúncias de crimes sexuais, chegou a dizer para pacientes que elas precisavam ficar excitadas para que os exames ginecológicos dessem certo. Segundo a delegada Amanda Menuci, responsável pelo caso, duas mulheres relataram os crimes ao Conselho Regional de Medicina (CRM) em 1994.
“No consultório, ele dizia que para colher o exame, citologia a fresco, elas precisavam ficar excitadas”, afirmou a delegada Amanda Menuci.
O ginecologista foi preso na manhã de quinta-feira (20), na casa dele localizada no Jardim América. O g1 não conseguiu contato com a defesa do médico até a última atualização desta reportagem.
O mandado de prisão preventiva foi representado pela Delegacia Estadual de Atendimento à Mulher (Deam). Ele já havia sido filmado sendo agredido com um soco dentro do consultório por um homem, no Centro Integrado de Atenção Médico Sanitária (Ciams) Novo Horizonte, em junho desse ano. Nas imagens, é possível vê-lo agredindo o médico e o acusando de ser “abusador de mulher” (assista acima).
Segundo a polícia, as vítimas tinham 15, 16, 21 e 32 anos nas datas dos crimes. A delegada explicou que uma das mulheres que denunciou o abuso ao CRM em 1994 é testemunha nas investigações atuais. Ao todo, cinco mulheres foram identificadas, das quais duas denunciaram formalmente e uma é testemunha, visto que o caso está prescrito.
Durante as acusações em 1994, o médico alegou que as duas mulheres “armaram” para ele. No entanto, a delegada ressaltou que as duas não se conheciam. À época, ele foi absolvido das acusações pelo CRM.
O g1 entrou questionou o Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) sobre a absolvição das acusações feitas em 1994, mas não houve retorno até a última atualização desta reportagem.
Após a repercussão do caso, uma mulher entrou em contato com a polícia civil e relatou que foi vítima em 2014.
“No caso de 2014, ela estava na posição ginecológica, ele puxou o corpo dela no sentido do seu e pressionou o órgão genital dele contra o dela. Isso causou um estranhamento, ela já o afastou e encerrou a consulta”, disse a delegada.
“Enquanto ela estava se vestindo, ele afastava a cadeira dele da consulta para observá-la vestindo a roupa”, completou a delegada.
Soco
No vídeo, o homem com um registro de ocorrência contra o médico, o sacode na frente da câmera do celular, entra no consultório, confirma se é o mesmo ginecologista e o agride com um soco no rosto, enquanto o chama de “abusador”.