A Polícia Militar (PM) ignorou alertas da chegada de 132 ônibus ao Distrito Federal às vésperas dos atos criminosos do 8 de janeiro e não incrementou o seu efetivo para conter possíveis invasões, revelam documentos entregues à CPMI.
Relatório produzido pelo gabinete do comandante geral mostra que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) começou a enviar avisos à PM do DF na tarde de sexta-feira, 6 de janeiro, sobre caravanas de manifestantes.
Às 15h25 de sexta, chega o primeiro alerta da ANTT de que 23 ônibus com 797 manifestantes estavam a caminho de Brasília.
No mesmo dia, às 17h50, atualização para 43 ônibus e 1.622 passageiros.
No sábado, estava evidente que o contingente de pessoas crescia. Ao meio-dia, novo alerta: 105 ônibus e 3.951 manifestantes rumo a capital.
Às 9h46 do domingo dos atos do 8 de janeiro, a ANTT informava que 133 ônibus e 5.021 passageiros desembarcavam em Brasília.
A PM, no entanto, manteve o mesmo efetivo planejado numa reunião na sexta-feira de manhã, quando estavam presentes representantes do Congresso e do governo federal e a expectativa de adesão aos atos era baixa.
Procurada pela CNN, a PM-DF ainda não respondeu sobre o assunto.
À CPMI, a Polícia Militar informou que não acionou todos os seus efetivos porque o processo oficial sobre a possível ocorrência de manifestações em Brasília chegou “depois do fim do expediente”.
A chefia de operações da PM diz que “até o término do expediente de 06/01/23 (sexta-feira), às 13h, não havia informações oficiais do Departamento de Operações ou Secretaria de Segurança Pública sobre a ocorrência de manifestações para o dia 08/01/23”.
Afirma ainda que o processo administrativo somente foi enviado oficialmente ao “1° CPR às 17:52 de 06/03/2023 (fora do expediente) e, no período de 06/01/23 à 08/01/23, a administração do 1° CPR não foi acionada para eventuais providências a serem tomadas”.
A PM também reforça que “operações de grande monta e complexidade (…) envolvem o acionamento de todos os setores operacionais e administrativos da Polícia Militar do Distrito Federal” e que “o documento não foi recebido pela administração o 1° CPR (Comando Policial Regional) de forma oficial, nem mesmo pelo grupo de Whatsapp utilizado para informações urgentes entre as seções operacionais dos Comandos Regionais de Policiamento”.