Na ótica da oferta, além da forte alta de agropecuária, o setor de serviços também cresceu, com variação positiva de 0,6%. Já a indústria teve leve baixa de 0,1%.
Pelo lado da despesa, a Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos produtivos na economia) caiu 3,4% em relação ao trimestre anterior. O consumo das famílias teve alta de 0,2%, numa desaceleração frente os trimestre anteriores, e as despesas de consumo do governo se mantiveram estáveis em 0,3%.
Destaques do PIB do 1º trimestre
Agropecuária: alta de 21,6%
Serviços: alta de 0,6%
Indústria: baixa de 0,1%
Consumo das famílias: alta de 0,2%
Consumo do governo: alta de 0,3%
Investimentos: baixa de 3,4%
Exportações: baixa de 0,4%
Importação: baixa de 7,1%
Já era esperado pelos especialistas que a agropecuária apresentasse um resultado bastante positivo, mas as projeções apontavam para uma alta bem menos expressiva do que realmente foi.
Além do crescimento de 21,6% no trimestre, o setor teve um avanço de 18,8% na comparação anual. As expectativas do Itaú, por exemplo, apontavam para uma alta de 14% ano a ano.
O IBGE destaca que a agropecuária tem um peso de cerca de 8% sobre toda a economia do país.
De acordo com Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, após um período de problemas climáticos que impactaram negativamente o setor no último ano, as previsões para 2023 são de uma safra recorde de soja, com avanço de mais de 24% na produção.
“A safra da soja é concentrada no primeiro semestre do ano. Ao compararmos o quarto trimestre de um ano ruim com um primeiro trimestre bom, observamos esse crescimento expressivo da Agropecuária”, pontua.
Serviços também aceleraram
Outro setor que teve um desempenho positivo no primeiro trimestre foi o de serviços, que cresceu 0,6% frente ao trimestre anterior. Nos últimos três meses de 2022, o setor havia registrado uma alta de 0,2% na comparação trimestral, o que revela uma aceleração no começo deste ano.
Dentro de serviços, os destaques foram:
Transportes, com alta de 1,2%
Atividades financeiras, também com alta de 1,2%;
Informação e comunicação, com queda de 1,4%, a maior do período para serviços.
Rebeca, do IBGE, explica que as altas de transportes e atividades financeiras, que foram as que mais contribuíram para o crescimento do setor, podem ser explicadas:
1.pelo avanço dos transportes de cargas e de passageiros;
2.pelo bom desempenho do segmento de seguros financeiros, já que o valor dos prêmios cresceu, enquanto o de sinistros caiu, gerando um ganho para o setor.
Também tiveram alta no período o comércio e as atividades imobiliárias, ambos com alta de 0,3%, e o grupo de administração., defesa, saúde e educação públicas e seguridade social, com alta de 0,5%.
Já no campo das baixas, o desempenho negativo do segmento de informação e comunicação pode ser explicado, “em grande parte, por uma base de comparação alta. Foi a atividade que mais cresceu depois da pandemia, se encontra 22,3% acima do patamar do quarto trimestre de 2019”.
O segmento de outras atividades de serviços registrou baixa de 0,5%.
Indústria cai puxada por transformação e construção
A indústria recuou 0,1% no primeiro trimestre, representando uma estabilidade em relação ao trimestre anterior.
Os dois segmentos do setor que tiveram um resultado negativo foram a indústria de transformação (que transforma matéria-prima em outros produtos), com queda de 0,6%, e a construção, com baixa de 0,8%.
Já as indústrias extrativas e o grupo de eletricidade e gás, água, esgoto, atividade de gestão de resíduos tiveram crescimento de 2,3% e 1,7%, respectivamente.
“A queda na Indústria de Transformação foi influenciada pelas quedas de bens de capital e bens intermediários, enquanto a Atividade de Eletricidade e água, gás, esgoto, atividades de gestão de resíduos subiu 6,4%, visto que estamos em um momento de boas condições hídricas, sem escassez”, destaca Rebeca.