Um ataque no sul da Ucrânia rompeu nesta terça-feira (6) a barragem de uma usina hidrelétrica, inundando a cidade de Nova Kakhovka e ameaçando o funcionamento da usina de Zaporizhzhia, a maior central nuclear da Europa.
A cidade e toda a região são controladas atualmente pela Rússia. Os dois países trocaram acusações sobre a autoria do ataque. A União Europeia já afirma que a explosão pode constituir um crime de guerra.
Em algumas áreas, o nível da água subiu até 11 metros de altura. A região inteira – que tem cidades controladas tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia – entrou em estado de alerta, e centenas de pessoas já deixaram suas casas.
A explosão aconteceu na barragem de Nova Kakhovka, na região de Kherson, uma área do sul da Ucrânia pela qual tropas de Kiev e Moscou disputam o controle. O Kremlin afirmou que a explosão da barragem foi um ato terrorista por parte do governo ucraniano e disse ter aberto uma investigação.
Já Kiev negou autoria e acusou as tropas russas. Há semanas, moradores locais vêm se queixando de alagamentos por conta da má gestão da usina hidrelétrica por parte do governo temporário imposto na região por Moscou.
Segundo a agência estatal russa RIA, 22 mil pessoas podem ser afetadas. Já o governo da Ucrânia disse que 80 povoados podem ser inundados.
A usina de Zaporizhzhia, que há meses está ocupada por tropas russas, fica a cerca de 140 quilômetros de Nova Kakhovka, às marges do mesmo rio da barragem.
Até o início desta manhã, o nível da água ao redor da central nuclear já havia subido 7 metros, segundo a agência de notícias Tass, e autoridades locais temem que um alagamento afete o funcionamento da usina.
O governador de Kherson, ligado ao governo da Ucrânia, disse que a água pode atingir níveis críticos nas próximas horas.
A agência estatal de energia atômica da Ucrânia disse que a explosão da barragem coloca em risco a usina nuclear de Zaporizhzhia, que usa a água do reservatório para segurança da operação. No entanto, segundo a agência, a situação está sob controle.
De acordo com a agência estatal de energia hidrelétrica da Ucrânia, a usina de Kakhovka foi totalmente destruída depois de uma explosão na sala de máquinas, não podendo ser restaurada.
Versões
Após a Ucrânia anunciar que a barragem havia sido alvo de um bombardeio russo, o prefeito da cidade onde fica a usina, ligado ao governo russo, negou a explosão e disse que tudo estava “quieto e calmo”.
No entanto, o prefeito mudou a versão momentos depois, afirmando que a barragem tinha sido alvo de um bombardeio. Ele classificou o caso como um “sério ato terrorista”, acusando a Ucrânia.
Agências de notícias da Rússia afirmam que a barragem foi destruída por uma série de bombardeios ucranianos.
Já as autoridades ucranianas afirmaram que o presidente Volodymyr Zelensky convocou uma reunião de emergência para discutir a destruição da barragem.
A inteligência militar da Ucrânia disse que o caso é um crime de guerra.
“Os ocupantes explodiram a represa do reservatório de Kakhovka em pânico – este é um ato óbvio de terrorismo e um crime de guerra, que será provado em um tribunal internacional”, disse em comunicado.