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Coronel diz à CPMI do 8/1 que mensagens a Mauro Cid foram no “calor da emoção”

O coronel do Exército Jean Lawand Júnior prestou depoimento hoje na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro e disse que as mensagens trocadas com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tinha como intenção pedir ao então presidente uma “ordem de apaziguamento” para o país e que ele nunca falou em “golpe”.


O pedido de depoimento de Lawand veio depois que mensagens divulgadas pela revista Veja no último dia 15 mostram o coronel cobrando Cid para que fosse colocado em prática um plano, em oito etapas, visando que as Forças Armadas assumissem o comando do país diante da derrota do ex-presidente nas urnas.


“A ideia minha, desde a primeira mensagem com o tenente-coronel Cid foi que viesse alguma manifestação para poder apaziguar aquilo [os acampamentos] e as pessoas voltarem às suas casas e seguirem a vida normal. O ex-presidente Bolsonaro tinha uma liderança sobre a população. Então, a minha intenção foi alguma atitude para que aquelas pessoas voltassem às suas casas, voltassem à normalidade”, afirmou Lawand.


A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI, questionou se o coronel acreditava que uma manifestação de Bolsonaro poderia evitar atos violentos ocorridos em Brasília depois das eleições, incluindo as invasões do dia 8 de janeiro, e perguntou se ele atribuía a responsabilidade desses atos a uma “passividade” do ex-presidente.


“O que eu atribuo ao presidente Bolsonaro é a capacidade que ele tinha de liderança sobre a nação. Uma manifestação dele faria com que aquelas pessoas que estivessem nas ruas, retornassem aos seus lares e continuassem as suas vidas. Eu não posso dizer que um fato isolado ou outro aconteceu devido à não manifestação do Presidente. Isso eu estaria conjecturando”, respondeu Lawand.


Eliziane também pediu para que o depoente explicasse a mensagem para Cid, onde ele escreve “tem que dar a ordem, irmão. Não tem como não ser cumprida” e, na sequência, o coronel teria dito que o Exército não poderia fazer nada, porque seria visto como “golpe” e estava “nas mãos do presidente”.


Lawand respondeu que não falou em golpe com Cid. “Em nenhum momento eu falei em golpe. Eu falei ‘ordem’. ‘Ordem’, volto a dizer à senhora, é manifestação. O que eu quis dizer foi a ordem para que presidente da República apaziguasse o país”, justificou Lawand.


O militar também disse que mandou as mensagens no calor do momento e que se arrepende de ter dito, em outra ocasião da troca de mensagens com Cid, que, “se a cúpula do EB [Exército Brasileiro] não está com ele, de [general de] divisão para baixo está”.


A relatora voltou a perguntar sobre o envolvimento do Alto Comando do Exército nos planos e Lawand afirmou que escreveu a mensagem no “calor da emoção”e que foi “muito infeliz” ao enviá-las. O militar também negou que tenha contato com o Alto Comando das Forças Armadas.


“Opinião minha no calor da emoção, mas eu tenho certeza de que, se a ordem fosse dada, todas as instituições do país colaborariam para que aquelas pessoas voltassem à sua tranquilidade, à sua rotina”, disse.


Apesar de insistir que a troca de mensagens com Cid tenha sido para pedir ao presidente uma palavra “apaziguadora”, nem os parlamentares do governo, nem os da oposição acreditaram na versão apresentada pelo coronel.


“O senhor não acha que a sua versão aqui é uma coisa absolutamente delirante em relação a tudo que o senhor escreveu nas mensagens com o Mauro Cid? O senhor acha que, realmente, nós não conseguimos raciocinar? Que esta comissão aqui é feita de pessoas da 5ª série do ensino fundamental? O senhor, de fato, tem o direito de ficar calado, mas mentir não pode. Isso é um absurdo que o senhor está fazendo aqui”, questionou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).


“Eu não sei quem o orientou, mas, de verdade, o senhor não convence ninguém. O senhor apequena a sua história, atrofia o sucesso da sua carreira e tenta impor uma narrativa que não para de pé ao menor esforço. Eu não sei se a vossa senhoria se convence da versão que está apresentando aqui, ou se acha que alguém, ao ler aquilo que está nas transcrições, acredita, sim”, disse o senador Marcos Rogério (PL-RO).


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