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Garimpeiro faccionado morto em confronto na Terra Yanomami ostentava armas

“No tiro, sou o melhor! (sic)”, dizia o garimpeiro Sandro de Moraes Carvalho, de 29 anos, em um dos vídeos publicados nas redes sociais. Chamado de “presidente” pelo grupo criminoso, ele tinha o costume de publicar vídeos exibindo inúmeras armas de fogo e a rotina de treinamento de tiro dentro da Terra Indígena Yanomami. Ele é um dos garimpeiros mortos em confronto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) no território.


Sandro era membro de uma facção e usava inúmeras armas nos treinamentos – todas registradas em fotos e vídeos. Ele também ostentava colares, pulseiras e barras de ouro extraídos ilegalmente da Terra Yanomami. Em um dos vídeos obtidos com exclusividade pela Rede Amazônica, ele mostra um alvo perfurado com balas e dizia: “Sou f*** mano, no tiro, sou o melhor, ca*****!”.


Sandro Moraes de Carvalho ostentava armas em rede sociais — Foto: Reprodução

Além de Sandro, outros três garimpeiros, ainda não identificados, foram mortos no confronto. Fiscais do Ibama e da PRF atuavam na região de garimpo conhecido como “Ouro Mil”, dentro do território, quando foram recebidos a tiros pelos invasores. Na ação, até um fuzil foi apreendido no acampamento dos infratores.


Sandro era chefe de uma facção criminosa que comanda áreas de exploração ilegal no território – são os chamados “garimpeiros faccionados”. O criminoso também era foragido da Justiça do Amapá, onde responde a processo por roubo qualificado.


A região do confronto fica em Waikás, onde há forte atuação de invasores e grupos criminosos.


Sandro Moraes de Carvalho também ostentava ouro extraído ilegalmente da Terra Yanomami — Foto: Reprodução

A Rede Amazônia e o g1 apuraram que, em Roraima, Sandro Moraes de Carvalho era uma das principais lideranças da facção de origem paulista. Na Terra Yanomami o grupo criminoso possui controle de maquinários e extração de minérios como ouro e cassiterira.


Fortemente armado, também há relatos que o grupo é extremamente violento. No confronto que resultou na morte dos quatro criminosos, PRF e Ibama apreenderam armas de grosso calibre, incluindo um fuzil, além de sete espingardas e duas miras holográficas, munição de diversos calibres, carregadores e outros equipamentos bélicos.


Sandro Moraes de Carvalho mostrava sua rotina de treinos com tiros na Terra Yanomami — Foto: Reprodução

Confronto na Terra Yanomami


O confronto entre os agentes e garimpeiros ocorreu um dia após invasores atirarem em três indígenas Yanomami na comunidade Uxiu – um dos indígenas foi alvejado na cabeça e morreu, os outros dois estão internados na capital Boa Vista.


Facção atua na Terra Yanomami e Sandro Moraes postava rotina nas redes sociais — Foto: Reprodução

“O ataque ocorreu durante tentativa de desembarque da aeronave PRF, quando criminosos, munidos de armamento de grosso calibre, atiraram contra os agentes no intuito de repelir a atividade de repressão ao garimpo ilegal. Os policiais revidaram e atingiram quatro atiradores, que não resistiram aos ferimentos”, informou a PRF.


A PRF suspeita que os criminosos são integrantes da facção de São Paulo que age em todo o país, incluindo garimpos ilegais na Terra Yanomami.


No local do confronto, foi apreendido um arsenal de armas, com fuzil, três pistolas, sete espingardas e duas miras holográficas, além de munição de diversos calibres, carregadores e outros equipamentos bélicos.


Esta não foi a primeira vez que agentes federais foram recebidos a tiros por garimpeiros ilegais na Terra Indígena Yanomami. Antes, foram ao menos três atentados contra servidores que atuam no combate ao garimpo no território:


Em três meses de trabalho, foram destruídos 327 acampamentos de garimpeiros, 18 aviões, dois helicópteros, centenas de motores e dezenas de balsas, barcos e tratores. Também foram apreendidas, até o momento, 36 toneladas de cassiterita, 26 mil litros de combustível, além de equipamentos usados por criminosos.


Imagens de satélite, segundo o Ministério do Meio Ambiente, apontam uma redução de cerca de 80% de áreas desmatadas para mineração de fevereiro a abril em relação ao mesmo período do ano anterior.


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