A partida, disputada às 10 horas no Estádio da Cerrinha, acabou mesmo 2 a 0 para o Goiás, com dois gols marcados na etapa inicial.
Na véspera da partida, Bruno Lopez, apontado pela operação como líder do esquema de manipulação, negocia com Denner Barbosa, jogador com contatos no futebol goiano, mas que na época atuava no Operário de Várzea Grande, time do Mato Grosso do Sul.
Nos diálogos, Denner sugere que tem um time em Goiás com toda a defesa cooptada. E sugere a derrota no primeiro tempo ao apostador.
Duas horas depois, a conversa é retomada. Denner assegura que fez um acordo com os jogadores do Goiânia. Bruno diz que o negócio está fechado e oferece R$ 10 mil para cada jogador. Na sequência, envia o comprovante de um depósito de R$ 20 mil na conta de Denner como adiantamento do negócio.
No dia seguinte, após o jogo, a dupla volta a se falar. E eles comemoram o resultado.
No mês passado, o promotor Francisco Cesconeto, ao comentar estágios anteriores da investigação, já havia mencionado a interferência dos apostadores nesse jogo. “Houve essa oferta de valores para atletas cuja investigação depende de aprofundamento para se chegar a sua elucidação. Mas essa foi a aposta para encomendar esse resultado”, disse o promotor.
Denner Barbosa foi interrogado pelo Ministério Público no dia 25 de abril, mas não foi denunciado. Procurado, o advogado do jogador disse que Denner fingiu que participaria do esquema para receber um dinheiro de uma dívida antiga que Bruno Lopez tinha com ele. E que Denner encerrou o contato com o Bruno logo após de enviado o comprovante. Em nota, a defesa afirma que vai provar a inocência do atleta.
Nesta quinta-feira (11), o lateral-esquerdo Marçal, do Botafogo, contou que também foi abordado por um aliciador.
“No meu caso, foi ano passado contra o Flamengo, que eu tomo cartão por reclamação. Depois eu recebi uma mensagem no Instagram dizendo: ‘Pô, Marçal, tomando cartão por reclamação? Mais vale ganhar dinheiro com isso. Que que você acha?’. Eu dei uma resposta que não se deve falar na televisão”, disse o jogador.
Dos 16 réus da fase atual da investigação, sete são atletas. O lateral-esquerdo Pedrinho e o volante Bryan Garcia, ambos do Athlético Paranaense, também não aparecem na denúncia. Mas o clube decidiu nesta sexta-feira (12) rescindir o contrato com eles. Na operação, os nomes dos dois atletas constam numa planilha de apostadores.
O advogado de Pedrinho disse que ele não nunca teve contato com indiciados da operação e está à disposição das autoridades. A defesa de Bryan Garcia disse que não vai se pronunciar.
A direção do Goiânia declarou que ainda não teve acesso ao processo – e que espera que as investigações punam quem tenha cometido qualquer crime.