O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (19) que o Brasil tem a obrigação de perseguir uma taxa de crescimento acima da média mundial e voltou a dizer que há espaço para um novo ciclo de corte de juros por parte do Banco Central (BC).
Em evento promovido pelo BC, em São Paulo, Haddad disse que esta é a primeira vez em que um governo assume um mandato com uma lei de autonomia do Banco Central em vigor.
A independência da autoridade monetária foi estabelecida, por meio de lei, em 2021. A norma foi aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo então presidente Jair Bolsonaro.
Haddad reforçou que tanto o Banco Central quanto o Ministério da Fazenda têm trabalhado para “harmonizar as políticas fiscal e monetária”, com o objetivo de trazer um crescimento robusto na economia do país.
“Sempre faço referência à meta que colocamos de [a economia do Brasil] crescer acima da média mundial, dado seu potencial em relação a recursos e tecnologia desenvolvida a nível nacional”, disse.
O ministro ainda reforçou que é preciso compreender que “discutir política monetária não é afrontar o Banco Central”.
“Estamos construindo essa relação. Todos que estão aqui estão correndo pelo mesmo objetivo, somos dois braços do mesmo organismo e temos que trabalhar pelo mesmo objetivo”, acrescentou Haddad, voltando a afirmar que acredita que há espaço para que se inicie o ciclo de cortes da taxa básica do país (Selic).
Juros no Brasil
Os altos níveis de juros no país têm sido alvos constantes de críticas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No começo desse mês, por exemplo, Lula afirmou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, “não tem compromisso com o Brasil”, mas sim com “aqueles que gostam de taxa de juros alta”.
Durante discurso no evento desta sexta-feira, Haddad afirmou que “toda vez que ouve uma autoridade monetária dizer que está combatendo uma infecção” – nesse caso, fazendo alusão aos esforços para conter a pressão inflacionária –, faz a observação de que é preciso cuidado para que o país “não tome duas cartelas de antibióticos”.
“Tem que tomar a medida certa para que a economia consiga se ajustar do ponto de vista macroeconômico e garantir condições de crescimento sustentável”, disse o ministro.
Haddad ainda reforçou que a Fazenda e o BC têm procurado conversar “mutuamente” e da maneira “mais cordial possível”, destacando que todos têm visto o que acontece com os bancos centrais ao redor do planeta, que têm tido grande dificuldade em trazer a inflação para o centro da meta.
O ministro destacou, no entanto, que o Brasil tem experimentado uma redução das taxas de inflação, revisão para cima das projeções de crescimento e uma “resiliência muito grande” das condições internacionais, “tanto a nível de comércio quanto de reservas, pela atuação do BC”.
“Entendemos que o Brasil tem tudo para que, mesmo em um ambiente muito adverso, consiga sair na frente no próximo ciclo de expansão. Estamos nos preparando para isso, sabendo da enorme dificuldade que é fazer as reformas necessárias para que o sistema se torne mais sólido”, disse.
O ministro da Fazenda também afirmou nesta sexta-feira que o governo federal quer lançar, ainda no segundo semestre deste ano, o Plano de Desenvolvimento do Brasil, voltado para a reindustrialização do país.