A taxa de desemprego no Brasil subiu em 16 das 27 Unidades da Federação no primeiro trimestre de 2023, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Trimestral, divulgada nesta quinta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos demais estados, a taxa ficou estável.
Segundo o IBGE, o aumento da desocupação e a queda da ocupação, de forma simultânea, resultaram no crescimento da taxa de desocupação nas grandes regiões.
Os estados com as maiores taxas de desocupação foram Bahia (14,4%), Pernambuco (14,1%) e Amapá (12,2%). Na outra ponta estão Rondônia (3,2%), Santa Catarina (3,8%) e Mato Grosso (4,5%). Veja a lista abaixo.
“Após um ano de 2022 de recuperação do mercado de trabalho pós-pandemia, em 2023, parece que o movimento sazonal de aumento da desocupação no começo do ano está voltando ao padrão da série histórica”, explica a analista da pesquisa Alessandra Brito.
Nos recortes sociais, a taxa de desocupação foi de 7,2% para os homens e 10,8% para as mulheres. Já a divisão por cor ou raça tem resultados abaixo da média nacional (de 8,8%) para os brancos (6,8%) e acima para os pretos (11,3%) e pardos (10,1%).
Desemprego
A taxa de desocupação no primeiro trimestre móvel do ano ficou em 8,8%, como mostrou o IBGE no mês passado. Esse é o menor resultado para o trimestre desde 2015, quando fechou em 8%.
Em relação ao trimestre imediatamente anterior, entre outubro e dezembro, o período traz aumento de 0,9 ponto percentual (7,9%) na taxa de desocupação. No mesmo trimestre de 2022, a taxa era de 11,1%.
Com isso, o número absoluto de desocupados teve alta de 10% contra o trimestre anterior, chegando a 9,4 milhões de pessoas. São 860 mil pessoas a mais entre o contingente de desocupados, comparado o último trimestre do ano passado. Em relação ao mesmo período de 2022, o recuo é de 21,1%, ou 2,5 milhões de trabalhadores.
Já o total de pessoas ocupadas teve um recuo de 1,6% contra o trimestre anterior, passando para 97,8 milhões de brasileiros. Deixaram o grupo cerca de 1,5 milhão. Na comparação anual, houve crescimento de 2,7%.
“Esse movimento de retração da ocupação e expansão da procura por trabalho é observado em todos os primeiros trimestres da pesquisa, com exceção do ano de 2022, que foi marcado pela recuperação pós-pandemia”, diz Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.
“Esse resultado do primeiro trimestre pode indicar que o mercado de trabalho está recuperando seus padrões de sazonalidade, após dois anos de movimentos atípicos.”
Recuo entre os sem carteira assinada
De acordo com o IBGE, o número de empregados com carteira assinada no setor privado manteve estabilidade no trimestre. Então, boa parte da queda na ocupação pode ser atribuída à redução dos trabalhadores sem carteira no setor público (-7%) e privado (-3,2%).
Setores como outros serviços (-4,3%), administração pública (-2,4%), agricultura (-2,4%), construção (-2,9%) e comércio (-1,5%) tiveram quedas expressivas no total de seus trabalhadores sem carteira. Além disso, o total de trabalhadores por conta própria com CNPJ teve queda de 8,1% (o que representa menos 559 mil pessoas).
Com isso, a taxa de informalidade voltou aos 39% da população ocupada, o que equivale a 38,1 milhões de trabalhadores informais no país. No trimestre anterior, a taxa era de 38,8%, mas estava em 40,1% no mesmo trimestre do ano anterior.
A Pnad Trimestral revela que as maiores taxas de informalidade ficaram com Pará (59,6%), Amazonas (57,2%) e Maranhão (56,5%). As menores, com Santa Catarina (26,1%), Distrito Federal (30,3%) e São Paulo (30,6%).
Por outro lado, 74,1% dos empregados do setor privado do país tinham carteira de trabalho assinada no 1º trimestre de 2023. As regiões Nordeste (58,9%) e Norte (57,6 %) apresentaram as menores taxas.
Já o estado com maior percentual de trabalhadores com carteira assinada é Santa Catarina, com 88,2%. Em seguida, estão Rio Grande do Sul (82,2%) e São Paulo (81,1%).
Entre os trabalhadores domésticos, apenas 26,1% tinham carteira de trabalho assinada no país, contra 25% no mesmo período do ano anterior.
Níveis de ocupação
O IBGE mostra também que o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, chamado nível de ocupação, chegou a 56,1%. Trata-se de uma queda de 1 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (57,2%). Na comparação anual, ainda há alta de 1 p.p. (55,2%).
O contingente fora da força de trabalho foi estimado em 67 milhões de pessoas no primeiro trimestre de 2023. O incremento foi de 1,1 milhão de pessoas frente ao trimestre anterior. Na comparação anual, subiu em mais de 1,5 milhão.
Segundo Beringuy, do IBGE, o aumento de pessoas fora da força de trabalho permaneceu nas últimas divulgações de desemprego, mas não está relacionado a um aumento da população na força de trabalho potencial ou no desalento, que mostram estabilidade no trimestre e queda no ano.
Já a taxa de subutilização — percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial em relação a força de trabalho ampliada — foi estimada em 18,9%. É uma alta de 0,4 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (18,5%) e uma queda na comparação anual (23,2%).
Rendimento segue estável
O rendimento real habitual ficou estável frente ao trimestre anterior em R$ 2.880. No ano, o crescimento foi de 7,4%.
Já a massa de rendimento real habitual foi estimada em R$ 277,2 bilhões. O resultado também ficou estável frente ao trimestre anterior, mas cresceu 10,8% na comparação anual.
Segundo o IBGE, o Nordeste (R$ 1.979) foi a única região com alta “estatisticamente significativa” do rendimento. As demais regiões permaneceram estáveis.
Já a massa de rendimento real habitual foi estimada em R$ 277,2 bilhões. O resultado também ficou estável frente ao trimestre anterior, mas cresceu 10,8% na comparação anual.
Segundo o IBGE, o Nordeste (R$ 1.979) foi a única região com alta “estatisticamente significativa” do rendimento. As demais regiões permaneceram estáveis.