A campanha de vacinação contra a gripe acontece em todo o Brasil para grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde. O imunizante é disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para a população com o risco de agravamento pela doença. A meta da pasta é vacinar pelo menos 90% do público-alvo – confira aqui quem pode se vacinar.
A vacina contra o vírus influenza não é capaz de provocar gripe, ao contrário dos boatos que circulam nas redes sociais todos os anos. As doses são compostas por vírus inativados, portanto, não podem induzir o desenvolvimento da doença. Entre os possíveis efeitos da vacina estão uma sensação de dor no corpo ou eventual febre baixa, que tendem a desaparecer em poucos dias.
O ministério destaca que as vacinas têm um perfil de segurança excelente e, geralmente, são bem toleradas. Manifestações, como dor no local da injeção, são comuns e ocorrem em 15 a 20% dos pacientes, sendo benignas e geralmente resolvidas em 48 horas.
O infectologista e diretor do Departamento de Imunizações do Ministério da Saúde, Eder Gatti, explica que a campanha de vacinação contra a gripe ocorre, no Brasil, há mais de 20 anos. “É uma campanha sazonal, ou seja, é realizada todos os anos, na mesma época. Todas as pessoas devem se informar no seu município e nos canais oficiais do governo federal quais são os grupos prioritários”, detalha.
Veja dez perguntas e respostas para dúvidas comuns sobre a vacina contra a gripe:
1. Qual a importância da vacinação?
“A gripe não é um resfriado comum. Ela pode evoluir para formas mais graves, que podem matar. Por isso, é uma doença que requer cuidado”, diz Gatti.
A lista de grupos prioritários inclui pessoas mais vulneráveis. Diferentemente de uma pessoa mais jovem, por exemplo, o idoso corre maior risco de complicações. “Além de ficar mais abatida, a pessoa idosa pode desenvolver pneumonia, com consequências graves.”
As coberturas vacinais apresentam queda a cada ano, estima o Ministério da Saúde.
“Com o objetivo de retomar o quanto antes as altas coberturas, ou seja, a alta proteção, a orientação do Ministério da Saúde é que os municípios iniciem a vacinação com todos os grupos prioritários ao mesmo tempo, para dar mais oportunidade às pessoas de atualizar a caderneta”, afirma Gatti.
2. Quais são os grupos prioritários?
Os grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde são:
Idosos com 60 anos ou mais; crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 dias); gestantes e puérperas; povos indígenas; trabalhadores da saúde; professores das escolas públicas e privadas; pessoas com comorbidades; pessoas com deficiência permanente; forças de segurança e salvamento; Forças Armadas; caminhoneiros; trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso; trabalhadores portuários; funcionários do sistema prisional; adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas, e população privada de liberdade.
3. Como é o esquema vacinal das crianças?
Todas as crianças que receberam pelo menos uma dose da vacina influenza em anos anteriores, devem receber apenas uma dose em 2023.
“Para a população indígena e pessoas com comorbidades, a vacina está indicada para as crianças de 6 meses a menores de 9 anos de idade. Deve ser considerado o esquema de duas doses para as crianças de 6 meses a menores de 9 anos, que serão vacinadas pela primeira vez, devendo-se agendar a segunda dose para 30 dias após a primeira dose”, diz Gatti.
4. Por que a vacina deve ser tomada todos os anos?
Os imunizantes utilizados no SUS são trivalentes, produzidos pelo Instituto Butantan e distribuídos para toda a rede pública de saúde.
A composição da vacina muda a cada ano, de acordo com as cepas do vírus que mais circulam no momento, informadas nas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Como o vírus influenza sofre constantes mutações, é importante tomar a vacina atualizada todos os anos para manter a proteção.
“Isso acontece porque é preciso elevar o número de anticorpos no organismo. Os vírus sofrem mutações constantes. Além disso, há vários tipos de influenza que circulam no mundo. Por isso, existe uma vigilância global, exercida pela Organização Mundial da Saúde, para saber que tipo de vírus está circulando. Essa vigilância dita, justamente, qual é a composição da vacina. Então, ano após ano, a vacina muda”, detalha o especialista.
5. A vacina causa efeitos colaterais?
A vacina é segura e composta de vírus não ativado, de acordo com o ministério. Como qualquer imunizante, ela estimula o sistema imunológico a produzir defesa.
“É comum a pessoa ter uma sensação de dor no corpo ou uma eventual febre baixa. Isso nada mais é do que o próprio organismo reagindo contra os antígenos que foram injetados com a vacina. Esse é o primeiro passo para a pessoa ter garantida a sua proteção. Esses eventos são raros, mas quando acontecerem, não devem preocupar. É simplesmente o corpo reagindo e criando defesas”, pontua.
6. Quanto tempo dura a proteção da vacina?
A detecção de anticorpos protetores se dá entre duas a três semanas depois da vacinação e apresenta, geralmente, duração de 6 a 12 meses. O pico máximo de anticorpos ocorre após 4 a 6 semanas.
“A proteção conferida pela vacinação é de aproximadamente um ano, motivo pelo qual ela é feita anualmente”, acrescenta o infectologista.
7. A vacina da gripe pode ser aplicada junto à vacina da Covid-19 ou outras?
A aplicação da vacina da gripe pode, sim, ser feita em conjunto com outras vacinas. O Ministério da Saúde orienta que os municípios aproveitem a oportunidade da visita das pessoas à unidade de saúde para atualizar também a imunização contra a Covid-19 e, se for possível, atualizar outras vacinas pendentes no calendário de cada um.
8. Qual a orientação para vacinação de gestantes e puérperas?
As gestantes apresentam maior risco de doenças graves e complicações causadas pela influenza, podendo ser vacinadas em qualquer idade gestacional.
Todas as mulheres no período até 45 dias após o parto estão incluídas no grupo-alvo de vacinação. Para isso, deverão apresentar documento que comprove o puerpério (certidão de nascimento, cartão da gestante, documento do hospital onde ocorreu o parto, entre outros) durante o período de vacinação.
9. Onde são fabricados os imunizantes contra a gripe?
No Brasil, são utilizadas no SUS vacinas produzidas pelo Instituto Butantan.
Serão distribuídas aos estados mais de 80 milhões de doses de forma escalonada, de acordo com o avanço da campanha.
10. Quem não faz parte dos grupos prioritários pode se vacinar?
Quem não faz parte dos grupos definidos pelo ministério pode tomar a vacina na rede privada, os valores variam de uma região para outra. Em média, a dose é ofertada por valores que vão de R$ 89 a R$ 180 reais.
A composição do imunizante é semelhante à da dose disponibilizada pelo SUS, com o acréscimo de uma cepa do vírus da gripe.