O Ibovespa operava em baixa nos primeiros negócios desta quarta-feira (19), com investidores demonstrando cautela sobre os detalhes da nova regra fiscal, enviada na véspera ao Congresso.
Por volta das 11h10 (horário de Brasília), o principal índice da bolsa brasileira caía 1,7%, aos 104.472,23 pontos. O dólar, por sua vez, voltava a operar acima do patamar de R$ 5, avançando 1,58%, a R$ 5,055 na venda.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou o texto da nova regra fiscal ao Congresso na última terça-feira. A proposta, embora mantenha boa parte do que foi apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, há cerca de três semanas, não trouxe novidades que agradaram o mercado, com a inserção de 13 itens que representam exceções ao limite de gastos.
“Os agentes do mercado temem que essas exceções comprometam a eficiência dos mecanismos de ajuste fiscal do governo, e que ele, por sua vez, tenha dificuldade para consolidar as contas públicas e controlar os gastos”, comenta Leonel Oliveira Mattos, analista de inteligência de mercado da Stonex.
“Outro ponto de crítica é o uso do ano corrente, de janeiro a dezembro, como base para discussão do Orçamento em agosto, de modo que o governo vai propor o uso de projeções da trajetória econômica até dezembro, em vez de se basear nos dados reais relativos ao mês de julho do ano anterior e de junho do ano corrente.”
O novo marco, agora, precisa tramitar pela Câmara e pelo Senado, com a necessidade de maioria absoluta nas duas Casas para ser aprovado. O texto, vale lembrar, pode sofrer alterações enquanto é deliberado por deputados e senadores.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que não vai dificultar a votação da proposta e vai nomear o relator do texto ainda nesta quarta. A ideia é finalizar debates sobre o marco até o dia 10 de maio.
Nesta quarta, o mercado ainda repercute dados da produção industrial de fevereiro. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor recuou 0,2% no segundo mês do ano, abaixo das expectativas de analistas consultados pela Reuters. Esse foi o terceiro resultado negativo consecutivo, com queda acumulada de 0,6, e está 2,6% abaixo do patamar pré-pandemia.
No exterior, o comportamento do mercado também estimulava a alta do dólar por aqui. O índice que compara a moeda norte-americana a uma cesta de seis pares fortes subia 0,40%, em meio ao salto dos rendimentos dos títulos do governo dos Estados Unidos.
“As preocupações com a inflação global e o consequente aperto das condições financeiras se sobrepõem à melhora de mercado impulsionada pelos dados mais fortes da economia chinesa no começo da semana”, disse o Bradesco em relatório desta quarta.
No último pregão, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,976 na venda, em alta de 0,78%. O Ibovespa teve alta de 0,14%, aos 106.163,23 pontos.
O Banco Central fará neste pregão leilão de até 16 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de junho de 2023.