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Advogado contesta versão de Cuca e diz que vítima reconheceu o técnico do Corinthians

Quatro dias depois da apresentação como novo técnico do Corinthians e de afirmar ser inocente no caso em que foi condenado por envolvimento no abuso sexual de uma menor em 1987, quando ainda era jogador, Cuca teve sua versão contestada pelo advogado da vítima.


Em entrevista ao portal UOL, o advogado suíço Willi Egloff, que acompanhou a vítima durante todo o processo, disse que Cuca foi, sim, reconhecido por ela como um dos abusadores.


– A declaração de Alexi Stival (Cuca) é falsa. A garota o reconheceu como um dos estupradores. Ele foi condenado por relações sexuais com uma menor – disse o advogado.


Em sua entrevista na semana passada, Cuca disse que por três vezes a vítima não o teria reconhecido com um dos jogadores envolvidos no caso. Cuca foi condenado a 15 meses de detenção, algo que ele diz que ocorreu “à revelia”, embora tenha tido defesa paga pelo Grêmio.


– Se fosse no tempo de hoje, se tivesse acontecido agora, ia me favorecer muito. Você ia ouvir a moça: “Não, ele não estava. Não, ele não estava. Não, ele não estava”. Foram três vezes. Pronto. Eu já estou absolvido. Não existe coisa mais absoluta do que a palavra da vítima. Existe? Não existe – disse Cuca.


Outro fato confirmado pelo advogado foi sobre as notícias publicadas pelo jornal “Der Bund”, de Berna, em 1989, depois do veredito. O artigo da época aponta que foi encontrado sêmen de Cuca na garota. Segundo o advogado, o exame foi realizado pelo Instituto de Medicina Legal da Universidade de Berna.


– É correto que o sêmen de Alexi Stival foi encontrado no corpo da garota – disse o advogado.


Além de Cuca, os ex-atletas Eduardo, Fernando e Henrique ficaram presos em 1987 e foram levados a julgamento na Suíça dois anos depois (saiba mais sobre eles abaixo).


Na apresentação de Cuca, a diretoria do Corinthians disse que havia pesquisado sobre o caso e que acreditava na inocência do técnico.


– Se ele tivesse envolvimento, jamais seria técnico do Corinthians, mesmo que o crime tivesse prescrito e passado 100 anos. Mas a vítima não reconhece Cuca como envolvido. Ele foi condenado à revelia, por não estar no julgamento. O Corinthians jamais contrataria um estuprador – disse Duílio na última sexta-feira, em conversa com jornalistas.


Dois anos após o ocorrido, Cuca, Eduardo e Henrique foram condenados a 15 meses de prisão por atentado ao pudor com uso de violência. Fernando foi absolvido da acusação de atentado ao pudor e condenado por estar envolvido no ato de violência. Como o Brasil não extradita seus cidadãos, eles nunca cumpriram a pena.


Quem estava com Cuca

*Henrique Arlindo Etges, atualmente com 57 anos, era zagueiro, começou no Grêmio e passou por Portuguesa e União São João antes de fechar com o Corinthians, clube que mais defendeu na carreira. Em 1998, trocou o Timão pelo Tokyo Verdy, do Japão, e se aposentou no Botafogo-SP. Antes do “escândalo de Berna”, foi campeão mundial com a Seleção Sub-20, em 1985.


*Eduardo Hamester, hoje com 55 anos, é conhecido como Chico e jogava como goleiro. Também foi campeão mundial sub-20 em 1985 e começou a carreira no Grêmio. Depois, passou por diversos clubes, como XV de Piracicaba, Bahia, Chapecoense, Fortaleza e Ceará até encerrar a carreira em 2000, no Esportivo-RS, e passar a atuar como preparador de goleiros.


*Fernando Castoldi, conhecido como Fernando Gaúcho, tem 58 anos e passou por diversos clubes da região Sul do Brasil. Revelado pelo Grêmio, ele também vestiu as camisas de Juventude, Blumenau, Chapecoense, Figueirense e Brasil de Farroupilha.


O escândalo de Berna

O caso teve início em 1987, quando o Grêmio fazia uma excursão pela Europa. Cuca e os outros três atletas citados acima foram detidos com a alegação de terem tido relações sexuais com a garota sem consentimento.


Segundo a investigação da polícia local, a jovem se dirigiu com amigos ao quarto dos jogadores do Grêmio. Os atletas, então, a puxaram para dentro e a abusaram.


Em entrevista ao “Esporte Espetacular” em janeiro de 2021, o então vice jurídico do Grêmio, Luiz Carlos Martins, o Cacalo, afirmou que apenas um dos jogadores teve relação sexual com a jovem, de maneira consentida. Porém, a lei previa que a relação seria estupro presumido, pela idade da menina.


Cuca nega que tenha cometido o estupro.


– Esse é um tema delicado, um tema pessoal meu. Eu faço questão de falar sobre ele, e vou tentar ser o mais aberto possível quanto a isso, quanto ao que me cabe. É um tema que aconteceu há 30 anos, em 1987, eu fazia, não sei ao certo, estava emprestado do Juventude ao Grêmio, fiquei uns 20 dias para tirar o passaporte. Tenho vaga lembrança de tudo o que aconteceu porque foi há muito tempo. Nessa vaga lembrança que tenho, eu tinha 20 e poucos anos na época. Nós iríamos jogar uma partida, subiu uma menina ao quarto, o quarto era o que eu estava junto com outros jogadores. Era um quarto duplo. Essa foi a minha participação nesse caso. Eu sou totalmente inocente, eu não fiz nada – disse Cuca, ao ser apresentado no Corinthians, na última sexta.


– As pessoas falam que houve um estupro, houve acho que um ato sexual a vulnerável. Essa foi a pena que foi dada. A gente vê e ouve um monte de coisas que são inverdades, chegam a ofender. Eu vou fazer 60 anos daqui um mês, tenho duas filhas, uma de 32 e outra de 34. É um tema que elas nem existiam, já era casado com a Regiane e sou casado até hoje. Venho de uma casa onde sou o único homem da casa. Respeitei e respeito todas as mulheres. Nunca encostei o dedo indevidamente em uma mulher, nunca, ao longo de todos esses anos que vivo na bola, já trabalhei com vocês da imprensa, já estive em diversos clubes, já estive duas vezes no São Paulo, no Santos e no Palmeiras. Nunca me foi perguntado isso numa coletiva, não é só o Cuca que não falou do tema. Por quê? Porque naquele tempo as leis eram as mesmas – completou o técnico.


 


 


Fonte: ge


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