A rotina já é conhecida: passa o algodão, vem aquela espetadinha e está tudo bem.
“Foi só uma picadinha”, afirma Beatriz Almeida, de 10 anos.
Assim que essa dose fizer efeito, Beatriz vai estar protegida contra casos graves de gripe e também vai ajudar o Brasil inteiro.
O Hospital das Clínicas de São Paulo é um dos 11 centros no país que está testando a vacina tetravalente contra a gripe desenvolvida pelo Instituto Butantan.
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Beatriz adorou fazer parte da pesquisa e, quando questionada se vai falar que ajudou a fazer a vacina, ela logo afirma: “Sim”
A tecnologia de fabricação das duas vacinas é a mesma, já é dominada pelo Instituto Butantan e já foi aprovada pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Por isso, a pesquisa da tetravalente já começou na fase 3, a de testes em humanos.
Um grupo de 8 mil mil pessoas a partir dos 3 anos de idade já está recebendo as doses. Outro grupo, com 2 mil bebês de 6 meses a 3 anos incompletos, vai ser testado a partir de abril.
Metade dos voluntários vai tomar a vacina trivalente, que já é aplicada nos postos de saúde; para a outra metade será a tetravalente. Três semanas depois, amostras de sangue vão ser comparadas para medir a eficácia da nova vacina.
“Se eu tenho uma diferença de fato, se não está igual o de antes e o de depois, quer dizer que a vacina induziu a produção de anticorpos. Então, o benefício dessa nova vacina é proteger para um subtipo a mais”, diz a infectologista e coordenadora do estudo, Ângela Freitas.
O Butantan espera ter todos os resultados até o fim do ano, para submeter à Anvisa. O diretor do instituto explica que ter uma vacina tetravalente aprovada é importante para o caso de quatro vírus circularem no Brasil ao mesmo tempo.
“O Butantan tem que estar preparado para produzir esta vacina também tetravalente caso o ministério nos peça. É uma questão estratégica para o instituto, estratégica para o Ministério da Saúde, mas principalmente estratégica para a população brasileira”, ressalta o diretor do Instituto Butantan, Esper Kállas.
O empresário Elias Noronha já imagina o que vai sentir quando a vacina estiver nos postos:
“Eu vou pensar assim: eu contribuí para que essa vacina pudesse chegar para todos e levar saúde para a maioria das pessoas”.
Maria de Menezes Costa tem 84 anos e conhece a importância da ciência para salvar vidas. É a segunda vez que participa como voluntária em uma pesquisa de vacina. Perguntamos se ela tinha orgulho de ajudar, mas ela nos corrigiu.
“Eu não vou falar que é orgulho não, eu acho que é alegria”, celebra a voluntária.