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Imóvel de R$ 6 milhões em SP liga governo do Acre a esquema de corrupção, aponta PF

Um apartamento no bairro dos Jardins, em São Paulo, avaliado em R$ 6 milhões, é um dos indícios apontados pela Polícia Federal (PF) para ligar o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), a um esquema de corrupção e desvio de dinheiro em contratos com empresas da construção civil. Relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU), que fundamentaram a abertura da investigação, apontam que o prejuízo ao erário pode passar de R$ 16,3 milhões.


Ao autorizar a terceira fase da Operação Ptolomeu, que levou ao afastamento de 25 servidores no Acre, a ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), afirmou ver “fundados indícios” de que Gladson está por trás do suposto esquema de corrupção, e seria o principal beneficiário do dinheiro apropriado. “A Polícia Federal, auxiliada pela CGU, adotou técnicas avançadas de investigação e conseguiu, em curto espaço de tempo, produzir vasto material que aponta, em juízo superficial de cognição, para a existência do fumus comissi delicti, concretizado por meio de escuso esquema de dilapidação do erário”, diz trecho da decisão da ministra.


De acordo com a investigação, a construtora responsável pelo imóvel comprado por Gladson em São Paulo acionou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) depois que o governador tentou indicar terceiros como pagadores. Os investigadores, então, mapearam o caminho do dinheiro: a entrada de R$ 200 mil do imóvel foi dada pela empresa Rio Negro, do irmão do governador, Gleidison, logo após ter recebido um repasse de mesmo valor da empresa Seven Construções e Empreendimentos — que, segundo a PF, servia como “conta de passagem” para escoar o dinheiro desviado no esquema.


A investigação descobriu que a Seven recebera a transferência da Murano Construções, que fechou contratos de mais de R$ 30 milhões com o governo do Acre na gestão de Gladson. “É inequívoco que Gladson Cameli e sua esposa, Ana Paula Correia da Silva Cameli, são os reais proprietários do apartamento de luxo e, assim, beneficiários diretos de vantagem indevida”, afirma a PF no relatório da investigação.


No tablet de Gladson, os investigadores encontraram cópias do contrato de compra e venda do apartamento, em nome dele e da mulher, e do projeto de arquitetura do imóvel. Uma conversa de WhatsApp mostra que o governador determinou que o secretário da Fazenda, Rômulo Grandidier, “se organize para transferir um apartamento que está no nome da empresa do Gleidison para a GDC (holding do político)”.


A PF afirma que o governador comprou imóveis, carros e aeronaves como estratégia para lavar o dinheiro que teria sido desviado a partir do direcionamento e superfaturamento de contratos públicos.


Os agentes também fizeram buscas, ontem, em 19 endereços em uma investigação sobre suspeitas de fraudes em contratos da Secretaria de Infraestrutura do Acre e do Departamento de Estradas e Rodagens do Estado (Deacre). O prejuízo estimado é de mais de R$ 5 milhões. A Operação Fata Morgana é a segunda que atinge o governo do Acre em uma semana.


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