A equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acredita que, além do novo arcabouço fiscal, a crise no mercado financeiro mundial pode antecipar a queda da taxa de juros no Brasil.
Uma ala do governo torce por uma queda de 0,25 ponto percentual já na próxima semana, quando haverá reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
Outra ala avalia que, neste mês, o BC irá manter a taxa em 13,75% – mas que sinalizará, no seu comunicado, uma redução da Selic no futuro próximo.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quer anunciar o novo arcabouço fiscal antes da reunião do Copom, que começa na terça-feira (21) e termina na quarta (22).
A avaliação é que, se for bem recebida pelos investidores, a proposta da nova âncora fiscal ajudaria o BC a flexibilizar em breve a política monetária.
O prazo, no entanto, está ficando apertado.
A reunião com o presidente Lula para apresentação do novo modelo ficou para esta sexta (17). E, antes de anunciar a proposta ao público geral, Haddad ainda quer reunir líderes do Senado e da Câmara para mostrar aos parlamentares a nova regra fiscal.
O fator crise bancária
Além do novo arcabouço fiscal, que vai substituir o teto dos gastos públicos, o governo Lula conta com outro fator para determinar, no mínimo, uma sinalização do BC de redução do patamar da Selic: a crise no mercado financeiro mundial, primeiro em dois bancos dos Estados Unidos e, agora, no Credit Suisse.
A turbulência no mercado financeiro, com bancos com risco de quebra, gerou uma discussão nos bancos centrais sobre os recentes aumentos nas taxas de juros.
Dirigentes de bancos europeus, por exemplo, pediram ao Banco Central Europeu para diminuir o aumento da taxa de juros ou até suspendê-lo na reunião em que debaterá o tema, nesta quinta (16), depois de o banco Credit Suisse entrar em crise.
Aqui no Brasil, a expectativa é que o Banco Central possa levar em conta, na reunião da semana que vem, essa turbulência na sua decisão sobre a taxa de juros.
O temor de alguns economistas é com o mercado de crédito, que já está retraído e pode levar a dificuldades em algumas empresas no país.