A Petrobras anunciou que a partir desta quarta-feira, o preço médio de venda de gasolina e do diesel para as distribuidoras vai cair. O anúncio foi feito no mesmo dia em que o governo anunciará o retorno de parte de tributos federais sobre gasolina e etanol, como forma de elevar a arrecadação em um momento de desequilíbrio nas contas públicas. Esses impostos haviam sido zerados no governo Bolsonaro.
O preço da gasolina para as distribuidoras passará de R$ 3,31 para R$ 3,18 por litro, uma redução de R$ 0,13 por litro. Ou seja, queda de 3,92%.
No caso do diesel, o preço médio de venda nas refinarias passará de R$ 4,10 para R$ 4,02 por litro, uma redução de R$ 0,08 por litro. É um recuo de 1,95%. A queda anunciada pela estatal, disse uma fonte, faz parte do pacote em conjunto feito com o governo federal para amenizar o impacto da reoneração dos preços dos combustíveis.
Após o anúncio da Petrobras sobre queda dos combustíveis, as ações ON (com voto) passaram a cair 1,56%, indo a R$ 29,71, enquanto as ações PN tinham baixa de 0,38%, chegando a R$ 26,03. Para especialistas do setor, a redução da gasolina já era esperada pelo mercado, mas a queda no diesel gerou surpresa por parte dos especialistas.
A gasolina, assim como o etanol, tiveram os tributos federais PIS/Confins e Cide zerados poucos meses antes das eleições presidenciais de 2022. Era uma forma de fazer os valores dos combustíveis caírem na bomba, favorecendo a popularidade de Jair Bolsonaro.
Encontro de Prates com Lula
A desoneração foi mantida até 31 de dezembro e foi prorrogada no governo Lula por medida provisória. Essa MP perde a validade hoje e criou um impasse no governo.
A equipe econômica, comandada pelo ministro Fernando Haddad, vinha defendendo a reoneração integral dos combustíveis. Já a ala política advogava que a MP fosse prorrogada. Para compensar a alta o governo começou a avaliar as cartas na manga, incluindo redução de preços pela Petrobras.
O presidente da estatal, Jean Paul Prates, chegou a ir a Brasília para conversar sobre o assunto.
Depois de várias reuniões, Haddad fará um anúncio nesta terça-feira, às 19h. A tendência é que os tributos sobre a gasolina e o etanol sejam retomados, parcialmente num primeiro momento (a partir de amanhã). E que a gasolina seja mais reonerada que o etanol, sob alegação que se trata de um combustível fóssil.
Efeito nos preços
Segundo a Abicom, associação que reúne as importadoras de combustíveis, considerando apenas a queda nos preços nas refinarias da Petrobras, o impacto no preço da gasolina na bomba seria de R$ 0,0949 e no diesel seria de R$ 0,0720.
Segundo Sergio Araujo, presidente da Abicom, havia espaço para a redução no preço da gasolina na bomba. Segundo ele, a queda na gasolina já era esperada e vai amenizar em parte a reoneração dos impostos federais na gasolina. Desde o início de fevereiro, a estatal vendeu gasolina abaixo das cotações internacionais por três dias.
Quando se observa os relatórios de importação, nota-se que a Petrobras vinha mantendo preço mais altos em relação ao exterior, mas estamos vendo que nas próximas semanas o preço deve subir no cenário internacional. Vamos ver como ficará – afirmou Araujo.
Já no caso do diesel, os preços da estatal estão alinhados com o cenário internacional e o mercado não esperava essa redução.
– Mas foi uma redução pequena no diesel e, além disso, diferente da expectativa para a gasolina, o diesel tem uma tendência de redução no preço a partir de abril no cenário internacional. Acredito que eles identificaram essa oportunidade e aproveitaram para reduzir – disse Araujo.
Dados do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) apontam que havia espaço para redução nos preços tanto da gasolina como do diesel. Segundo cálculos do CBIE, a estatal vendia na manhã desta terça-feira gasolina com preço 4,73% (R$0,1504 por litro) acima do cenário internacional. No caso do diesel, o preço da Petrobras estava 1,58% maior (R$0,064 por litro).
Mas o preço final ao consumidor vai depender de quanto os tributos federais vão subir.
Em nota, a Petrobras disse que as “reduções (nos preços) têm como principal balizador a busca pelo equilíbrio dos preços da Petrobras aos mercados nacional e internacional, através de uma convergência gradual, contemplando as principais alternativas de suprimento dos nossos clientes e a participação de mercado necessária para a otimização dos ativos”.
Fonte: O Globo