Escolhas Erradas é o título do livro do socioeducando C.J.M, de 17 anos, que há dez meses está em reclusão no Centro Educativo Santa Juliana, em Rio Branco, unidade pertencente ao Instituto Socioeducativo do Acre (ISE). Ele utiliza seu tempo no laboratório de informática da unidade para redigir o relato da sua própria de vida, e já tem os capítulos definidos.
Abrigando atualmente 49 socioeducandos com idade entre 13 e 21 anos, o instituto trabalha na execução de duas medidas, a de internação e a de semiliberdade. O Santa Juliana é a porta de entrada quando o adolescente é sentenciado à internação. Alguns ficam na unidade e outros são direcionados para os demais centros.
“Quero contar as escolhas erradas que fiz e as oportunidades que perdi. Eu trabalhava nas redes sociais como influencer e nesse livro eu relato como vim parar aqui. Comecei a escrever o livro em 2022 e quero dividir em três capítulos: O Início de Tudo, Destruindo Meus Sonhos e A Experiência na Internação”, explica o socioeducando.
“Aqui temos jovens muito promissores, com o dom para a escrita, a música e outras áreas, e nosso laboratório de informática e demais espaços ficam à disposição para que possam desenvolver seus talentos. É algo muito interessante para se apresentar à sociedade, pois o nosso papel é ressocializar e reintegrar essas pessoas, para que saiam melhores do que entraram”, destaca o presidente do ISE, coronel Mário César Freitas.
“Compor e ler são as coisas que mais me incentivam aqui dentro, eu já fazia música mesmo antes da internação. Já escrevi umas dez músicas e agora pretendo cursar uma faculdade. Fiz o Enem e estou aguardando o resultado do Sisu”, conta L.M.S, de 19 anos, que está há um ano e dez meses no centro.Além do sistema regular de ensino, o governo do Acre, por meio da Secretaria de Educação e Esportes (SEE), assegura aos internos das oito unidades do ISE no estado, por meio de diversas parcerias, cursos, capacitações e formações continuadas, para que os jovens descubram e aperfeiçoem seus talentos. Entre as áreas são ofertados cursos de corte e costura, trufas, pães e bolos, hortaliças, informática e, em breve, de barbeiro.
Embora o trabalho de ressocialização dos jovens infratores ainda não tenha alcançado a devida visibilidade, as ações desenvolvidas dentro dos centros podem fazer total diferença na vida de muitos que estão em processo de socioeducação. O apoio público e privado é essencial para que vidas possam ser transformadas de maneira positiva.
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Fotos Marcos Vicenti
Fonte: Agência do Acre