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Após sargento de trisal ser expulso da PM por atirar em estudante, esposa se posiciona: ‘Confio em Deus’

Alda Radine gravou vídeos na rede social e falou de expulsão de Nery — Foto: Reprodução

A sargento da Polícia Militar Alda Radine usou as redes sociais para falar sobre a expulsão do marido, sargento Erisson de Melo Nery, da Polícia Militar na última quinta-feira (9). O Comando anunciou a exclusão do policial argumentando que ele feriu o estatuto militar ao manchar o nome da instituição, já que responde por tentativa de homicídio por atirar no estudante Flávio Endres durante uma briga em 2021 em uma casa noturna no interior do Acre.


Policial casada com sargento de trisal expulso da PM por atirar em estudante se posiciona


Em seu perfil no Instagram, Alda, que também é sargento da PM, disse que confiava em Deus e não na Justiça dos homens. Ela disse ainda que estava tranquila e que se apega na fé para passar por esse momento. Nery ficou nacionalmente conhecido após assumir um trisal com Alda Radine e Darlene Oliveira em 2021. Na época, eles criaram um perfil nas redes sociais para compartilhar o dia a dia.


“As pessoas estão esperando que eu apareça, ou talvez me pronuncie, com desespero, raiva, revolta, e eu não vou fazer isso, porque eu confio em Deus. O que me move, o que me faz levantar da minha cama todos os dias, ficar de pé, seguir em frente, ir trabalhar, e seguir minha rotina diariamente é minha fé em Deus. Minha confiança está nele, não está em homens, na força do meu braço, não está na Justiça dos homens, a minha confiança e minha fé estão em Deus”, destaca.


Ela disse ainda que existem pessoas que julgam a história, mas que ela se mantém confiante.


“Seja o bem ou seja o mal, que venha sobre mim, vem de Deus e tudo que vem de Deus é bom, ainda que momentaneamente não pareça, mas é bom, é para o meu pai. É nisso que está pautada a minha confiança, nisso que está pautada a minha segurança. Os homens maus existem, pessoas más existem, que não conhecem a tua história, te julgam e falam um monte de maldição, palavras ruins, palavras pesadas e cada um dá o que tem e o que eu recebo de Deus é amor e é isso que eu tenho pra dar e pra viver”, disse.


Postagem em perfil de Nery foi feito por uma das esposas, diz defesa — Foto: Reprodução/Instagram

Perfil de Nery


Há também postagens recorrentes no perfil do ex-sargento da PM. Inclusive, após a decisão, houve uma postagem no Instagram de Nery, com a seguinte frase: “Eu sei quem sou, os outros só me imaginam.”


O g1 questionou o advogado de defesa de Nery, Matheus Moura, sobre as atualizações nas redes sociais, já que ele segue preso no Batalhão de Operações Especiais (Bope) e não pode ter acesso a celular.


“Desde a prisão do Nery, quem cuida de todas as redes sociais dele é sua esposa Alda Radine. Atualmente, Nery está recluso preventivamente sem acesso a todo e qualquer tipo de aparelho telefônico, redes sociais e internet. Portanto, a postagem realizada no Instagram foi realizado por sua esposa que possui amplo acesso. Por fim, ressaltamos que Nery durante todo o tempo de prisão, sempre respeitou seus superiores e todos os deveres que lhe são impostos.”


Expulsão de Nery


Sargento que ficou conhecido por formar trisal no interior do Acre é expulso da Polícia Militar — Foto: Arquivo pessoal

A Polícia Militar informou que durante todo o ano de 2022 houve uma comissão que avaliou a conduta de Nery diante do caso de Epitaciolândia, onde atirou contra o estudante Flávio Endres e decidiram pela expulsão do 3º sargento “à bem da disciplina”.


A decisão de expulsar o sargento da Polícia Militar, segundo o decreto, é baseada na lei complementar nº 164/2006, que rege o Estatuto dos Militares do Estado do Acre, e tem efeito retroativo a partir de 26 de janeiro.


O advogado de defesa do militar, Matheus Moura, disse que vai levar a decisão da PM para o Judiciário, uma vez que a considera ilegal.


“Trata-se de exclusão totalmente ilegal, a qual há vício em seu núcleo. Ressalta-se que o sargento Nery sequer passou por inspeção médica de saúde para a sua dispensa (como se fosse exame demissional). Dessa forma, há ilegalidade formal e material nessa decisão de exclusão, a qual hoje [quinta, 9] ainda será levado ao Poder Judiciário para ser sanado essa decisão teratológica. Como pode um trabalhador ser excluído sem ter passado por uma inspeção médica?!”, questionou.


Moura destacou ainda que foi pego de surpresa com a decisão e acredita que a Justiça deve revertê-la. “Hoje, o sargento Nery possui inúmeros problemas psíquicos, faz uso de medicação contínua, e está sendo acompanhado por médico psiquiatra e psicólogo devidamente autorizados pela magistrada.”


Conhecido por trisal


A história de Nery teve grande repercussão em junho de 2021, quando ele assumiu viver um trisal ao lado da também policial militar Alda Nery e da http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistradora Darlene Oliveira. Os três chegaram a criar um perfil nas redes sociais para compartilhar o dia a dia.


Cinco meses depois, o trisal estava no bar quando iniciou a briga, e o sargento acabou atirando no estudante. Na época, Nery chegou a falar que agrediu e atirou em Flávio Endres, porque ele tinha assediado Alda.


“O cara molestou minha esposa, e ela foi tomar satisfação imediatamente. Mas, ele deu um murro na cara da Alda que ela caiu apagada e com a boca cortada. Aí, quando eu vi ela daquele jeito, fui atrás do cara. Lá fora entramos em luta corporal e eu atirei nele. Foram dois disparos, todos pegaram nele. Ele está estável e foi transferido para Rio Branco”, alegou na época.


Adolescente morto


Nery também é acusado da morte do adolescente Fernando de Jesus, de 13 anos, em 2017, quando o rapaz tentou furtar casa do sargento, em Rio Branco. Conforme a denúncia, na manhã do dia 24 de novembro de 2017, Nery matou o adolescente com pelo menos seis tiros, no intuito de “fazer justiça pelas próprias mãos”. O caso ocorreu no conjunto Canaã, bairro Areal.


O adolescente teria ido com outros dois homens, não identificados, furtar a casa do então cabo da Polícia Militar. E, ao perceberem a chegada de uma viatura da polícia, os dois maiores de idade conseguiram pular o muro e fugir, enquanto que Fernando de Jesus foi deixado para trás pelos comparsas e acabou morto pelo policial.


Após o homicídio, ainda segundo a denúncia, Nery e o policial militar Ítalo Cordeiro alteraram a cena do crime, lavando tanto o corpo da vítima quanto os arredores do local onde estava caído, para poder alegar que agiu em legítima defesa.


Os militares teriam ainda colocado a pistola na mão direita do adolescente e fotografado. E, antes da chegada da perícia, decidiram mover a arma a uma distância de cerca de 13 centímetros da mão do menino.


Depois da suposta alteração da cena do crime, o MP disse que ficou a cargo do militar Ítalo Cordeiro fazer o boletim de ocorrência alegando que o adolescente tentou disparar contra a cabeça de Nery, que agiu para se defender. Sobre esse crime, ele foi ouvido no ano passado.


Nery foi denunciado em julho de 2021 pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) pelos crimes de homicídio e fraude processual, e a denúncia foi aceita um dia depois pela Justiça.


O processo tramita na 1ª Vara do Tribunal do Júri. Além de Nery, Ítalo Cordeiro também responde no processo por fraude processual.


Alda Nery, Erisson Melo e Darlene Oliveira, firam conhecidos por assumir trisal em 2021 — Foto: Daniel Cruz/Arquivo pessoal

Atirou em estudante


Já em novembro de 2021, o ex-sargento foi preso por atirar no estudante Flávio Endres Ferreira durante uma briga em um bar de Epitaciolândia, no interior do Acre. Neste caso, ele responde por tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima, porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e lesão corporal grave.


O estudante levou ao menos quatro tiros e ficou com sequelas em uma das mãos. Após passar por uma cirurgia na região do abdômen e ficar nove dias internado no pronto-socorro de Rio Branco, o estudante recebeu alta no dia 7 de dezembro de 2021.


Em julho do ano passado, a Vara Única Criminal da Comarca de Epitaciolândia realizou uma audiência de instrução e julgamento do PM após recebimento da denúncia.


A defesa de Nery entrou com pedido de análise de insanidade mental, mas o pedido foi negado em primeira e segunda instância.


Ainda segundo a Justiça, a defesa alega que o sargento agiu em legítima defesa e pede a desclassificação do homicídio qualificado para simples, sem as qualificadoras, e a retirada da acusação de porte ilegal de arma de fogo e lesão grave. O processo corre em segredo de Justiça. Em setembro de 2021, ele foi pronunciado a júri popular.


Fonte: G1 ACRE


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