Alimentos ultraprocessados aumentam riscos de casos e mortes por câncer

Uma nova pesquisa concluiu que o consumo de alimentos ultraprocessados tem associação com o aumento de riscos para desenvolvimento de câncer, principalmente o de ovário. As chances de morrer pela doença também crescem quando há histórico de consumo exagerado desse tipo de produto.


São exemplos desses alimentos refrigerantes, bebidas lácteas, margarinas, salgadinhos de pacote e pães embalados.


Para chegar a essas conclusões, o estudo, publicado na revista eClinicalMedicine, utilizou dados de 197 mil pessoas compilados no UK Biobank, um banco que reúne informações de saúde da população do Reino Unido. Cada um dos participantes tinha relatos de refeições feitas em cinco dias diferentes entre os anos de 2009 e 2012.


A alimentação dos participantes foi segmentada em quatro tipos: sem ingestão ou com pouquíssimo consumo de comidas processadas; uso de ingredientes processados, como azeite e manteiga; consumo de alimentos processados (como conservas de legumes, queijos e pães artesanais); e alimentação baseada principalmente em comidas ultraprocessadas. Esse último representava cerca de 23% da ingestão diária de calorias entre todos os participantes.


Os pesquisadores acompanharam todos os integrantes do estudo por cerca de dez anos, de forma a observar qual deles desenvolveu algum tipo de tumor -no total, foram 15.921- e comparar o aparecimento da doença com o padrão alimentar observado.


De forma geral, a pesquisa concluiu que o aumento de 10% da ingestão diária de alimentos ultraprocessados na dieta de uma pessoa já acarretava maiores chances de risco de qualquer câncer em cerca de 2%. Para alguns tipos de tumores, no entanto, esse percentual era maior.


O câncer de ovário é o principal deles: a cada 10% de aumento da ingestão de ultraprocessados, o risco de apresentação do câncer aumenta em 19%. Em seguida, vem o câncer de tireoide, com aumento em 11%.


Foram comparados os grupos nos dois extremos de hábitos de alimentação: aqueles que comiam baixos níveis de ultraprocessados, em que ingestão era restrita a cerca de 10%; e o grupo formado por participantes que abusavam desse tipo de alimento e tinha mais 40% da dieta diária baseada neles.


Nessa comparação, alguns tipos de tumores representaram um alto risco para aqueles com refeições recheadas de alimentos não saudáveis. Um deles é o de cérebro: alimentos ultraprocessados representaram um aumento de 52% para o aparecimento do tumor.


MORTALIDADE


Não foi só o desenvolvimento de câncer associado que os pesquisadores investigaram. Eles também buscaram entender o impacto desse tipo de alimento na chance de vir a óbito em razão de um tumor.


Nesse caso, a análise teve resultados semelhantes aos daquela sobre o aparecimento da doença. A cada aumento de 10% na ingestão de comidas ultraprocessadas, a mortalidade por câncer subia cerca de 6%. No caso do câncer de ovário, esse percentual foi na ordem de 30%.


Todos os achados da pesquisa corroboram com outras percepções acerca da relação entre tipo de dieta e câncer. Os autores mencionam que uma das formas de prevenir tumores é a adoção de uma dieta mais equilibrada, com baixos índices de ingestão de alimentos ultraprocessados. Esse tipo de comida normalmente é pobre em nutrientes, além de ser rica em gorduras, sódio e açúcares.


Outro ponto é que esses alimentos são reconhecidos por potencialmente aumentarem os riscos de excesso de peso, o que também se relaciona ao surgimento de cânceres. No estudo, os autores explicam que a obesidade tem associação com tumores no trato digestivo e, em melhores, com alguns relacionados a hormônios.


Com informações Folha de São Paulo


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